Alunos de escolas públicas do Recife foram levados ao campo do Jiquiá, na manhã de sexta-feira (22), para celebrar os 85 anos do primeiro pouso do Zeppelin na capital pernambucana. Nem todos sabiam muito bem o que era o Zeppelin nem para que servia a torre de ferro ainda existente no terreno. Mas nenhum pensou duas vezes para dizer que adorariam aproveitar aquele espaço verde de 35 hectares com mais frequência e não apenas em dias festivos.
“Deveria ter um parque funcionando aqui todos os dias para as crianças”, resume Maria Vitória Batista de Albuquerque da Silva, 11 anos, aluna da Escola Débora Feijó, na Mangueira, bairro vizinho ao Jiquiá, na Zona Oeste, em sua primeira visita à torre de ferro, que servia para a atracação do Zeppelin, um balão dirigível que sobrevoou no Recife de 1930 a 1937. É a única ainda de pé, no mundo.
A bem da verdade, a prefeitura tem projeto para criar um parque no terreno com museus, planetário, praça de relógio de sol, trilha eco-cultural e outras atividades. Falta captar recursos para executar a obra. “Seria uma maravilha ver essa área virar um parque, sem passado a gente não vive”, comenta a pensionista Sônia Moraes, que mora ao lado do campo do Jiquiá.
Ela frequentava o local quando criança, porque o pai trabalhava como barbeiro da Marinha, que ocupou a área durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). “A barbearia ficava numa casinha ao lado da torre”, recorda. “Havia muitos pés de frutas, hoje tem muito mato”, compara. “O Zeppelin marcou o bairro, os moradores antigos falavam sempre dessas viagens.”
O arquiteto José Luiz Mota Menezes, presidente do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, acompanhou o evento e lembrou que “o campo do Jiquiá é um lugar com pertencimento anterior a qualquer intervenção que venha a ser executada na área.” O espaço, diz ele, pertence à população que mora em volta. “A ligação com o passado já existe, as pessoas só precisam ser educadas para respeitar o patrimônio que possuem”, destaca.
No entendimento da secretária de Desenvolvimento e Empreendedorismo do Recife, Roseana Amorim, o antigo campo de pouso dos dirigíveis foi resgatado a partir da restauração da torre de atracação, feita em 2013 pelo escultor Jobson Figueiredo. O artista plástico também recuperou, para transformar em museus, sete paióis onde se guardavam armamento durante a Segunda Guerra.
“O lugar já está aberto às escolas para aulas práticas de história”, diz Roseana Amorim. Quanto à implantação do Parque Científico e Cultural do Jiquiá, ela informa que a proposta encontra-se no Ministério da Ciência e Tecnologia, em Brasília, para ser avaliado tecnicamente. “Vamos aguardar até 20 de agosto (de 2015) para saber o que será aprovado.”
Segundo ela, a prefeitura vai definir com a comunidade do entorno as prioridades na implantação do parque, assim que conseguir os recursos. Visitas à torre de atracação do Zeppelin devem ser agendadas pelos telefones (81) 8531-2367 ou (81) 9864-4203. O trabalho é feito com a Associação de Preservação Ambiental (Apaz), formada por moradores da região.