As Praças Tiradentes (Cais do Apolo) e Octávio de Freitas (Derby) podem até nem ser tão badaladas no Recife. Mas não mereciam ficar fechadas por tapumes e isoladas do convívio da população por tanto tempo. As duas áreas de lazer encontram-se interditadas para reformas desde o início de 2014. Um ano e meio depois, nem a obra foi realizada nem as praças liberadas.
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Localizada a poucos metros de distância do prédio-sede da prefeitura, a Praça Tiradentes fica no Bairro do Recife, entre o Cais do Apolo e a Rua o Brum. “A obra começou e parou alguns meses depois. É uma pena ver isso. Agora só tem mato e quatro vigilantes que se revezam para evitar invasões, com dois cachorros”, diz a comerciante Vera Lúcia do Nascimento.
A Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana, responsável pela intervenção na praça, não quis comentar o assunto e limitou-se e enviar uma nota pela assessoria de imprensa dizendo “que está aguardando dotação orçamentária para concluir os serviços”, sem explicar por que iniciou a obra se não tinha recursos (R$ 2,755 milhões) assegurados.
Em março de 2014, quando os trabalhos tiveram início, a prefeitura pretendia reabrir a Praça Tiradentes em agosto do mesmo ano. “Seria uma maravilha para todos”, diz Vera Lúcia, enumerando os pássaros que costumam frequentar o local: pica-pau, sabiá, sanhaço, canário e jandaia.
O tapume em volta da Praça Octávio de Freitas, defronte ao Memorial de Medicina de Pernambuco, na Rua Jenner de Souza, também esconde mato, material de construção desperdiçado e obras inacabadas. A área fechada tem cem metros de extensão, margeando do Capibaribe, e abrigaria uma das estações de embarque e desembarque de passageiros do projeto de navegabilidade do rio.
O sistema de transporte público fluvial, proposto pelo governo do Estado, previa a construção de estações ao longo do rio, de Apipucos ao Centro e não foi levado adiante. “Se a ideia não vingou, deveriam devolver a praça aos moradores. Não é bom para a cidade manter esse espaço todo tapumado”, declara o estudante de engenharia civil Pedro Aires, ao passar pelo Derby.
Até o fechamento desta edição, a Secretaria estadual das Cidades não informou se a estação da Praça Octávio de Freitas ainda será construída ou se pretende liberar a área para os moradores.
No mesmo bairro, a Praça do Derby precisa de reparos. Há bancos e placas de identificação de plantas danificados, além de estátuas de mármore sujas, pichadas, cheias de teia de aranha e com braços destruídos. Na manhã de quinta-feira (27), lixo largado pela população sujava os jardins e um homem se escondeu na vegetação para fazer cocô, deixando as nádegas expostas.
A praça, restaurada nos anos 30 pelo paisagista Roberto Burle Marx (1909-1994), foi tombada como Jardim Histórico pelo Iphan em junho de 2015. A Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana disse que a área verde passou por intervenções na atual gestão. E promete enviar fiscais para avaliar os estragos das estátuas e programar os reparos.