Com as duas mortes ocorridas na noite de quinta-feira, já são 12 os óbitos registrados no Complexo Prisional do Curado, no bairro do Sancho, Zona Oeste da cidade, desde o início do ano. A menos de dois meses do final de 2015, a unidade prisional – a maior do Estado, com 6 mil presos onde só existem 1,7 mil vagas – acumula um de seus piores anos desde que deixou de ser o Presídio Professor Aníbal Bruno, em 2012. Mesmo sem dados de comparação com anos anteriores (que não foram fornecidos pelo governo), a repetição de casos de fugas e mortes no noticiário dá a dimensão do caos em que está imersa a unidade.
Leia Também
- Corte da OEA ordena investigação sobre corrupção e venda de armas no Complexo do Curado
- Corte internacional cobra ações para garantir integridade de presos do Complexo Prisional do Curado
- Diretor leva pedrada na cabeça no Complexo Prisional do Curado
- Arma é encontrada com presos no Complexo do Curado
- Adolescente é apreendido por arremessar objetos para dentro do Complexo do Curado
- Detento é baleado em tentativa de fuga no Complexo Prisional do Curado
- Detento do Complexo do Curado é esfaqueado e morre antes de chegar ao hospital
- Revólver 38 é encontrado no Complexo do Curado
Desde janeiro, aconteceram 24 fugas, com 17 presos recapturados. Ao todo, foram encontrados 12 túneis dentro do presídio. Uma das maiores tragédias da história do Complexo foi a primeira morte de um civil fora da unidade, em decorrência de confrontos internos. No final de setembro, o vendedor Ricardo Alves da Silva, 33 anos, foi atingido por um tiro de fuzil disparado de dentro da penitenciária, durante princípio de tumulto entre detentos e agentes.
As seguidas denúncias de violações de direitos humanos fizeram o Estado responder perante a Corte Interamericana, na Costa Rica, no início de outubro. O secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, foi à última audiência da entidade, para apresentar a defesa do governo. Os recentes acontecimentos no Complexo do Curado, Pedro Eurico credita ao que chama de “cultura da violência entre os presos”.
Segundo o secretário, a despeito do ano complicado – que contou inclusive com uma rebelião de três dias, no fim de janeiro – o governo tem conseguido resultados positivos na gestão da unidade prisional. “Apenas esta semana tiramos 120 facões de dentro do Complexo. E quantos mais forem colocados lá dentro, nós vamos retirar”, afirma. O secretário avisa que será construída nova enfermaria no Presídio Juiz Alberto Luiz Lins de Barros (Pjallb), um dos três que formam o Complexo, no valor de R$ 1 milhão, recursos do governo federal. “E até o fim do mês vamos inaugurar a nova área de espera para os parentes dos presos em dia de visita. Era um pleito antigo que conseguimos tirar do papel”, completa.