Patrimônio

Mostra fotográfica faz um resgate de torres sineiras do Recife

Exposição está em cartaz no Museu da Cidade do Recife, no Forte das Cinco Pontas, até 6 de janeiro de 2016

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 25/12/2015 às 7:07
Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
FOTO: Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Que tal um programa diferente neste fim de semana que separa o Natal dos últimos dias de 2015? O Museu da Cidade do Recife estará aberto sábado (26) e domingo (27), das 9h às 17h, com uma exposição bem apropriada à data, sobre as torres sineiras das velhas igrejas dos bairros de Santo Antônio e São José. Imagens antigas e atuais dos templos católicos serão projetadas para o público até 6 de janeiro de 2016, Dia de Reis, encerrando o ciclo natalino.

A mostra resgata as torres onde ficam os sinos de 19 igrejas construídas nos séculos 17, 18 e 19 no Centro do Recife. Duas delas são relíquias fotográficas e existem apenas na memória dos moradores mais velhos. A Igreja dos Martírios (1796) foi demolida em 1973 para a abertura da Avenida Dantas Barreto e a Igreja do Paraíso (1791), nas imediações da Avenida Guararapes, teve o mesmo destino em 1944. As demais apresentam avarias e precisam de reparos.

Daí porque a exposição é, ao mesmo tempo, um deleite para os olhos e uma alerta à sociedade, à igreja e aos órgãos de preservação para a necessidade de cuidados com esse patrimônio. “A torre da Igreja Matriz de São José, juntinho do museu, está ameaçada”, observa Betânia Araújo, diretora do Museu da Cidade do Recife, localizado no Forte das Cinco Pontas, no bairro de São José.

 

Até o início do século 20, lembra Sandro Vasconcelos, responsável pelo setor de pesquisas do museu, eram os sinos das igrejas que levavam as notícias à população. As boas e as más. As badaladas chamavam o povo para missas e procissões, anunciavam nascimentos, mortes, chegada de navios e incêndios. O toque lento para as notas fúnebres. O som mais rápido para os dias festivos.

“Os sinos, ao longo da história, tinham essa função de comunicação. Na noite de Natal, eles tocam para anunciar o nascimento de Jesus. A ideia da exposição nasceu a partir dessa simbologia”, diz Sandro. “É essa relação entre os sinos e a população que buscamos recuperar na mostra, é um lado urbano e coletivo que faz parte do imaginário de muita gente, em especial no Natal, com a Missa do Galo”, reforça Betânia.

O museu selecionou fotos em preto e branco e coloridas desde a década de 40, do acervo da instituição. O bairro de Santo Antônio está representado por dez edificações religiosas, como as Igrejas do Divino Espírito Santo e de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, Convento de Santo Antônio, Igreja da Ordem Terceira de São Francisco e Convento de Nossa Senhora do Carmo, entre outras.

Do histórico bairro de São José participam a Igreja de Nossa Senhora do Livramento dos Homens Pardos, a Basílica e Convento de Nossa Senhora da Penha, a Igreja de Nossa Senhora do Terço, a Igreja de São José do Ribamar, a Igreja de Santa Rita de Cássia, a Igreja Matriz de São José e a Igreja da Celestial Confraria da Santíssima Trindade.

Além dos riscos na Igreja Matriz de São José, as torres sineiras da Basílica da Penha, na Praça Dom Vital, encontram-se escoradas há mais de quatro anos, por causa de rachaduras e desprendimento de reboco. As torres ficam a 42 metros do chão, altura equivalente a um prédio de 17 andares, e serão restauradas.

A título de curiosidade, três portas e duas imagens de santos da Igreja dos Martírios, que sucumbiu às reformas urbanas, também fazem parte do acervo do Museu da cidade do Recife, criado em 1982. O acesso ao forte e à exposição é gratuito.

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