A entrada em operação do novo Terminal Integrado Joana Bezerra, no último domingo (5), repercutiu diretamente na receita do metrô. Conforme informação da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) no Recife, a arrecadação nas bilheterias locais passou de uma média de R$ 680 ao dia para R$ 5,2 mil, um crescimento de 665%. Isso porque cerca de 3 mil pessoas que entravam sem pagar, pelos portões do terminal, agora não encontram mais essa opção.
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“Não é só uma questão financeira, há também o aspecto de moralização do sistema”, salienta o superintendente da CBTU Recife, Leonardo Vilar Beltrão. Segundo ele, esta era a única integração que apresentava visível evasão de receita e não se conseguia combater, pela sua própria característica física, de fácil acesso. Quem antes entrava no terminal andando hoje opta pelo metrô, porque a passagem é mais barata – R$ 1,60 contra R$ 2,80 dos ônibus. Vale salientar que há dez linhas na área externa ainda não integradas.
O diretor de operações do Grande Recife Consórcio de Transportes (GRCTM), André Melibeu, admite que o resultado “era extremamente previsível”. “Chegamos a trabalhar com seis vigilantes, mas não conseguíamos combater a evasão”, diz. “Agora temos uma estrutura totalmente diferente e trabalhamos com sete vigilantes e três porteiros por turno, além de os portões serem fechados. Acreditamos que vamos conseguir manter essa situação.”
O Terminal Integrado Joana Bezerra levou cerca de quatro anos em construção e custou R$ 11 milhões. A operação é a mesma do antigo: dez linhas que circulam com 115 veículos e realizam 1.198 viagens ao dia. Mas a estrutura é bem diferente. Em vez de uma calçada repleta de paradas (ainda a serem demolidas), tudo bastante degrado, o novo equipamento tem uma área de 4 mil metros quadrados, com 12 plataformas de embarque (8) e desembarque (4), lanchonete, boxes, banheiros acessíveis, central de atendimento ao cliente e piso tátil – para orientação de pessoas com deficiência visual.
O GRCTM ainda não avaliou se houve aumento de usuários, mas são mais de 48 mil ao dia. Como a estrutura é em forma de U, muita gente se arrisca atravessando em meio aos ônibus para chegar ao outro lado, em vez de seguir pela base. Por isso, uma grade está sendo colocada no canteiro central.
“Ficou muito melhor aqui, mais organizado, inclusive nas filas. Mas na segunda-feira me deram um empurrão e levei uma queda danada”, observa a doméstica Lindaci Maria da Silva, 53 anos. Já a gastrônoma Vânia Lourenço, 33, diz que o respeito às filas só durou dois dias. “Já estão invadindo tudo”, conta. A ambulante Tatiana Nascimento, 34, diz ter melhorado até para eles, “por ter mais espaço” do lado de fora.
Além da passagem comprada diretamente em suas bilheterias, o metrô recebe cerca de R$ 2 milhões por mês de usuários que passam seus bilhetes eletrônicos (VEM) nas catracas. Neste caso, os recursos vão para a conta do GRCTM e só depois retornam. O repasse vem sendo feito, mas há uma pendência de R$ 50,1 milhões dos anos de 2014 e 2015, já solicitadas ao governador Paulo Câmara pelo ministro Bruno Araújo, em sua visita no domingo.