Uma obra iniciada quinta-feira passada (14), no Centro do Recife, vai devolver o piso original de paralelepípedo às ruas em volta do Mercado de São José e da Praça Dom Vital. As camadas de asfalto já estão sendo removidas no trecho entre a Rua do Rangel e a Rua das Calçadas. Todas as pedras recuperadas abaixo do piche serão lavadas e reaproveitadas.
“Vamos usar paralelepípedos novos onde houver perdas, para completar o calçamento”, informa a engenheira-auxiliar da obra, Maria Isabel Gonçalves. O serviço é executado pela Construtora Ingazeira, contratada pela Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer de Pernambuco (Setur) para implantar a acessibilidade ao redor do Mercado de São José e da Praça Dom Vital.
De acordo com o encarregado da obra, Amaro José da Silva, as pedras do velho calçamento foram encontradas sob grossas camadas de 12, 15 e até 25 centímetros de asfalto. Com a remoção do piche, as ruas ficarão na altura certa em relação ao meio-fio. Essa diferença entre a calçada e a pista, diz ele, deve ser de 15 centímetros.
“Em algumas áreas, o asfalto estava mais alto que o meio-fio. Numa situação dessa, o cadeirante não tem como passar da calçada para a pista sem cair”, observa Amaro José. Na Rua do Rangel, diz ele, haverá a retirada de asfalto numa extensão de dez metros da via, para recompor o piso antigo. “O restante já é de paralelepípedo.”
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A obra completa prevê a instalação de travessias para cadeira de rodas e rampas nas principais ruas de acesso ao mercado (Rua do Rangel, Rua do Porão, Rua da Praia, entre outras) e à praça, localizados no bairro de São José, além de sinalização pintada no chão (faixa de pedestre) e piso tátil direcional e de alerta para os cegos.
A previsão da construtora é concluir o primeiro trecho da intervenção, entre a Rua do Rangel e a Rua das Calçadas, em agosto. Além de remover o asfalto, a calçada para o pedestre será alargada. “Porém, dependemos da prefeitura para ampliar o passeio. Só poderemos fazer essa etapa depois da retirada das barracas dos comerciantes”, afirma Maria Isabel.
Ela disse que o serviço será feito por etapas e, pelo projeto, o segundo lote contempla a via entre a Rua do Porão e a Rua Padre Muniz (continuação da Rua da Praia). “Isso se a prefeitura liberar o local, que está cheio de barracas. Por essa razão, não temos como divulgar o prazo de conclusão do serviço”, avisa a engenheira.
A Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife pretende fazer a transferência dos ambulantes até o fim de 2016. Os vendedores de ervas passarão a trabalhar no anexo do mercado, situado entre a Rua do Porão e a Rua Padre Muniz, que continua à espera dos equipamentos para ser inaugurado. Os comerciantes de lanches, panelas e artigos diversos serão levados para o centro de comércio popular ainda em construção no Cais de Santa Rita, informa a secretaria.
Locatário no Mercado de São José, Valdir Soares comenta que os comerciantes estão cansados de promessas. “Vamos aguardar o fim da obra para avaliar. Muita coisa começa e não termina. O prédio do mercado precisa de obra de restauração e continua ao deus-dará, ninguém faz nada. Tudo está do mesmo jeito, ou pior”, desabafa, apontando janelas e venezianas quebradas, sem reposição das peças.
No Recife, a Setur realiza ação semelhante nas imediações da Casa da Cultura (bairro de São José), na Avenida Boa Viagem (Zona Sul) e na Praça do Arsenal (Bairro do Recife). “São obras de acessibilidade, com rampas e travessias. A obra de maior vulto é a do Mercado de São José porque inclui a retirada do asfalto”, declara Isabel.
“Todos os pedestres já percebem as travessias e as rampas da Praça do Arsenal, da Rua da Guia, da Rua Domingos José Martins e da Travessa do Bom Jesus”, assegura a engenheira.