Max tem 3 anos e 10 meses. É um cachorro de raça golden retriever que vai começar a frequentar a escola este mês. Sua tarefa será auxiliar e estimular o desenvolvimento de crianças com deficiência que estudam na rede municipal de Olinda, no Grande Recife. O projeto de levar cães treinados para sala de aula, batizado de Bolinha de Pelo, é inédito em Pernambuco e deve beneficiar 330 alunos de 15 colégios olindenses. Começará, na próxima semana, com oito alunos do Centro Integrado de Atenção à Criança Professora Norma Coelho (CAIC), localizado no bairro de Peixinhos.
Leia Também
- Cães, como humanos, distinguem palavras e entonações
- Empresários criam plano de saúde para cães e gatos
- Praça com espaço reservado para cães será construída no Recife
- Estudante vende rifa para custear tratamento de cachorro paraplégico
- Cachorro reencontra dona 7 meses após fugir de casa no Recife
- Cachorro reencontra donos depois de sete meses em feira de adoção
A iniciativa foi lançada ontem de manhã na Escola Municipal Monsenhor Fabrício, também em Peixinhos. A presença de Max chamou a atenção dos estudantes. O cão circulou livremente pela sala onde professores e gestores recebiam informações sobre o projeto. Extremamente dócil, o animal foi muito afagado por crianças e adultos. Para “trabalhar” nas escolas, ele vem sendo treinado desde abril no Kennel Clube de Pernambuco, um centro especializado que prepara cachorros para atuarem como cães doutores.
Dona de Max, a professora readaptada e técnica Cássia Leôncio, 47 anos, que atua na Divisão de Inclusão da Secretaria de Educação de Olinda, criou o projeto a partir da sua experiência pessoal. Dois anos atrás, depois de uma brincadeira com o cachorro, descobriu que a cabeça do fêmur da sua perna direita estava necrosada.
“Rompi o menisco e nos exames constatou-se a necrose. No final de 2015 passei por cirurgia para colocar uma prótese. Durante a fisioterapia, Max sempre ficou perto de mim e mudou o comportamento. Não pulava, não me puxava pois percebeu que eu estava operada”, diz Cássia. Uma amiga dela sugeriu que o animal virasse um cão doutor, iniciativa do Kennel existente há 10 anos no Estado que leva cachorros para hospitais, abrigos e entidades.
EXPERIÊNCIA PRÓPRIA
“Surgiu a ideia de inserir Max nas escolas de Olinda. Fiz o projeto e a Secretaria de Educação topou. O bom é que não há custo algum”, ressalta Cássia. A previsão é que o cachorro passe entre dois e três meses em cada escola. As crianças que terão contato com o cão são atendidas nas Salas de Recurso Multifuncional. As atividades serão quinzenais e funcionarão no contraturno que o aluno estuda. Outros cachorros deverão se integrar ao projeto Bolinha de Pelo.
A diretora de ensino da rede municipal de Olinda, Edileuza Gomes, informa que o atendimento às crianças poderá ser individual, em dupla ou em pequenos grupos. Samuel Oliveira, 11 anos, um garoto autista e com TDH, gostou de brincar com Max na Escola Monsenhor Fabrício. “Ele é meu amigão”, garantiu o menino. “A participação do cachorro nas sessões será ótimo para estimular os alunos em vários aspectos, como cognitivo, emocional e motor, por exemplo”, observa a professora Juliana de Fátima.