São quase 18h. No pátio da Igreja da Santa Cruz, no bairro da Boa Vista, área central do Recife, mesas de plástico começam a ser espalhadas. Bancos e cadeiras em volta. Do lado de fora, na calçada, uma pequena fila se forma rapidamente. Quando o portão é aberto, não demora para as mesas se encherem de crianças, jovens, velhos, homens e mulheres, que encontram ali mais do que um prato de comida. O sopão, servido com pão e café, é apenas um dos cuidados oferecidos pelo Centro de Apoio aos Moradores de Rua, o C Amor. O espaço, criado há menos de um mês, distribui 300 refeições por semana, entre café da manhã (às sextas-feiras), almoço (toda segunda) e sopa (às quartas). Mas a missão vai muito além. Quer garantir cursos de capacitação, assistência médica, oficinas, higiene pessoal. Transformar a casa em um endereço de cidadania.
O novo espaço foi idealizado pela Associação dos Servos de Deus, fundada por Padre Airton Freire, presidente da Fundação Terra, com sede em Arcoverde, no Sertão do Estado. A decisão de se dedicar à população de rua no Recife foi uma escolha natural. “Nós já prestávamos essa assistência nas ruas há muitos anos. Tanto no interior quanto na capital. Resolvemos criar esse espaço para estruturar melhor esse atendimento. Ir além do assistencialismo. Queremos criar oportunidades que ajudem a transformar vidas”, comenta, entusiasmada, a serva Aninha Beserra, idealizadora do projeto.
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Como ela bem diz, para distribuir solidariedade, não precisa de muito. Só boa vontade e desejo de ajudar. É apoiado nessa fórmula que o C Amor vem sendo construído. Todas as atividades são feitas por voluntários da Fundação Terra. A casa, anexa à Igreja da Santa Cruz, onde funciona o centro, está se organizando para oferecer as oficinas e cursos, além do atendimento médico. A ideia é que uma equipe de profissionais médicos faça uma consulta inicial no centro e depois encaminhe as pessoas para a rede de saúde pública. O aluguel da casa está garantido por um ano, graças à doação de um único colaborador.
DOAÇÕES
O espaço conta com uma sala ampla, que será usada para ministrar oficinas ou como refeitório, dois banheiros e uma cozinha, onde são preparadas as refeições. A intenção do centro é servi-las diariamente. Mas, para isso, precisa de mais doações. “O material que vamos utilizar nas atividades manuais também foi doado. Essa colaboração é essencial para que o nosso trabalho possa ser ampliado e consiga atender cada vez mais pessoas”, destaca Fernanda Carneiro, uma das voluntárias à frente do C Amor. Enquanto saboreia o segundo prato de sopa, Marcílio Jorge de Lima, 37 anos, diz que a coisa mais importante do centro é saber que ali as pessoas se importam com ele. “Na rua, somos vistos como bicho. As pessoas têm medo. Acham que somos bandidos. Aqui nos tratam como gente.”
Serviço
Para fazer doações à Fundação Terra, entrar em contato pelo telefone (87-3821.1542) ou por pelo site: fundacaoterra.org.br/doacoes. Para ajudar diretamente ao C Amor, ligar para a serva Aninha Beserra (87-99154.4397)