Cinco crianças com microcefalia provocada pela Síndrome Congênita do Zika Vírus e que sofrem de disfagia (grave dificuldade de alimentação) vão ser submetidas a uma nova técnica de gastrostomia – procedimento para colocação de um dispositivo para dietas específicas no abdome – no próximo sábado. Em vez de cirurgia, os médicos do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) instalam o dispositivo por meio de uma endoscopia, método mais rápido e seguro, mas que era feito em duas etapas. Agora, o processo será feito de uma vez só.
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A pequena Annika, de 1 ano e 5 meses, já utiliza uma sonda nasal para alimentação há seis meses. Agora, vai trocá-lo pelo novo dispositivo. “Quando se alimentava pela boca ela vomitava muito, ficava bem cansada e não ganhava peso. Depois da sonda melhorou bastante, mas ainda vive tossindo e de vez em quando se engasga, porque tem refluxo. Há 15 dias ela passou por dois internamentos seguidos”, conta Micaela Souza, 30, mãe da menina.
Ela diz que resistiu a fazer a gastrostomia na filha. “Eu já me acostumei com a sonda. Mas muitas mães me disseram que os filhos melhoraram depois da cirurgia. Minha esperança é que ela volte a se alimentar pela boca”, destaca. “São muitas as crianças que precisam desse procedimento para ter uma vida melhor”.
MAIS CONFORTO
A gastropediatra do HC Kátia Brandt explica que rotineiramente a gastrostomia é realizada em dois momentos: um para a colocação da sonda e outro para substituí-la por um botton, dispositivo mais duradouro e que interfere menos nas funções do paciente. “Pela nova técnica, tudo é feito no mesmo momento, o que diminui o desconforto para o paciente”, salienta a médica. “Hoje, temos cerca de 20 crianças à espera do procedimento, apenas essas cinco com microcefalia”.