Olinda

Coqueiral de Olinda está devastado. Restam apenas 26 pés de coco

Localizado ao lado da Escola de Aprendizes-Marinheiros, o Coqueiral de Olinda ocupa a área de proteção para a visibilidade do Sítio Histórico da cidade

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 10/01/2018 às 8:08
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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O Coqueiral de Olinda, área verde ao lado da Escola de Aprendizes-Marinheiros de Pernambuco e que sinalizava o caminho de acesso à Cidade Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, está sumindo da paisagem. No lugar, também conhecido como Parque dos Coqueiros, restam 26 pés da palmeira, entre montanhas de areia.

Além dos coqueiros ainda com folhas verdes, é possível contar facilmente mais cinco troncos secos, um deles sendo tragado pelo mato. A área do coqueiral, entre a Avenida Olinda (Salgadinho) e as margens do Rio Beberibe, é de propriedade da Marinha do Brasil.

Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
O Coqueiral de Olinda, no caminho de acesso à Cidade Alta, está devastado - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Do antigo coqueiral, na Avenida Olinda, restam somente 26 pés de coco - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Moradores da região, em Olinda, afirmam que a areia da dragagem do Rio Beberibe matou o coqueiral - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Ainda restam na área do Parque dos Coqueiros 181 mil metros cúbicos da areia dragada do Rio Beberibe - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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O canteiro de obras do serviço de dragagem do Rio Beberibe ficava na área do Coqueiral de Olinda - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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O Parque dos Coqueiros ou, Coqueiral de Olinda, fica ao lado da Escola de Aprendizes-Marinheiros - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Troncos de pés de coco, secos, ainda podem ser vistos no Coqueiral de Olinda - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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A área do Coqueiral de Olinda é de propriedade da Marinha do Brasil - Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

 

De acordo com moradores da região, que preferem não se identificar, o Coqueiral de Olinda morreu em decorrência da obra de dragagem do Rio Beberibe, executada pelo governo do Estado no período de maio de 2012 a março de 2015 e orçada em R$ 63 milhões. “Tudo o que tiraram do rio despejaram em cima dos coqueiros”, afirmam.

O canteiro de obras da empresa responsável pelo serviço de dragagem do Beberibe, instalado a área do Coqueiral de Olinda, foi desativado há cerca de quatro meses. “Derrubaram as construções de apoio e uma carreta entrou no terreno e levou as balsas”, relatam moradores.

Todos afirmam que os pés de coco começaram a morrer depois de terem sido soterrados pela areia tirada da calha do rio e jogada no terreno. “Esse material é muito salgado, os coqueiros não resistiram e morreram aos poucos. Os bichos que viviam lá também sofreram. Capivaras e macacos sumiram. Só restam preás e saguins.”

GOVERNO

A Secretaria de Planejamento e Gestão de Pernambuco não atribui a morte dos coqueiros ao depósito de sedimentos no terreno. “Temos informações de que em 2009 (antes do início das obras) houve uma queimada na área que atingiu diversos coqueiros”, responde a secretaria, numa nota enviada pela assessoria de imprensa.

Em quase três anos de serviço de dragagem e ampliação da calha do rio, a empresa retirou 1,5 milhão de metros cúbicos de sedimentos do Beberibe. A dragagem cobriu um trecho de 12 quilômetros de extensão, do bairro de Passarinho – Zona Norte do Recife, nas imediações da BR-101 – até a foz, próximo ao Porto do Recife. O Beberibe tem 23 quilômetros de extensão, da nascente, em Camaragibe (Grande Recife), até a foz.

Permanecem no terreno do Coqueiral de Olinda 181 mil metros cúbicos de sedimentos, acumulados feito dunas. “O serviço de separação, remoção e destinação adequada do material aguarda liberação de recursos”, afirma a Secretaria de Planejamento, na mesma nota.

Os entulhos não foram removidos porque a verba do contrato, pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal, era insuficiente para a execução de todos os serviços e o governo priorizou a dragagem, justifica a secretaria. A ação só será realizada a partir da liberação da verba.

Primeiro, será lançado o processo de licitação, na modalidade pregão. A empresa escolhida fará a recuperação ambiental da área, com a retirada do material depositado no Coqueiral de Olinda e o replantio, possivelmente no primeiro semestre deste ano. A previsão é plantar 100 pés de coco no terreno e prazo estimado para execução do serviço é de dez meses.

MARINHA

A Marinha do Brasil foi procurada para falar sobre o assunto na sexta-feira passada (05/01), pediu para que as perguntas fossem enviadas por e-mail e até a terça-feira (09/01) não respondeu. O coqueiral está incluído na área expandida de proteção do Sítio Histórico de Olinda. É proibido fazer construções no local.

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