Uma obra sem dinheiro e sem prazo para acabar. É essa a situação atual da duplicação da Ponte do Janga, em Paulista, no Grande Recife. Prevista para ser entregue em dezembro do ano passado, após sucessivos atrasos e adiamentos, a construção está praticamente parada. Sem receber pagamento desde setembro do ano passado, a empresa responsável pela obra já avisou que vai suspender de vez os serviços até o o final deste mês. O impasse só faz aumentar o sofrimento de moradores e motoristas que enfrentam diariamente no local extensos engarrafamentos nos horários de pico.
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Dono de um bar a poucos metros da ponte, o comerciante José Adeílson da Silva, 56 anos, já perdeu a esperança de ver a duplicação finalizada. “O transtorno é enorme. A faixa é muito larga e sem sinalização, o que aumenta o risco de sermos atropelados. De manhã cedo e no final da tarde, o trânsito para e o congestionamento dura horas. Estamos todos prejudicados por essa situação que se arrasta há anos sem solução”, criticou.
O alargamento da ponte faz parte de uma intervenção maior que prevê a requalificação de quatro quilômetros da Avenida Cláudio Gueiros Leite, a partir do limite com Olinda e seguindo até a entrada do Conjunto Beira-Mar, na altura da Estrada de Manepá. A obra é financiada com recursos do governo do Estado e executada pela Prefeitura de Paulista. Do convênio, firmado em setembro de 2015 no valor de R$ 17 milhões, já foram repassados R$ 10,5 milhões. A gestão municipal alega que os serviços estão a passos lentos porque, desde agosto de 2017, não houve novos repasses por parte do Estado.
O secretário-executivo de Infraestrutura, Serviço Público e Meio Ambiente de Paulista, Pedro César, diz que a prefeitura já colocou R$ 1,6 milhão, referente ao valor da contrapartida, e agora só poderá dar prosseguimento à duplicação da ponte quando o dinheiro chegar. Sem previsão de quando isso irá acontecer, o secretário nem se arrisca a dar um prazo para conclusão da obra.
“Faltam R$ 5,5 milhões. O que podemos dizer é que, se esse dinheiro restante fosse liberado, em quatro meses, conseguiríamos finalizar os serviços. Mas tudo vai depender de quanto e de quando esses recursos chegarem”, justificou.
De acordo com Pedro César, a maior parte da requalificação da via já está pronta. “Em relação a toda extensão do percurso o que falta é a capa de rolamento, que é justamente a última camada de asfalto, além da sinalização vertical e horizontal. Mas a parte mais importante é concluir a duplicação da ponte que tem 40 metros. Precisamos colocar as vigas que já estão prontas na base da ponte, completar a estrutura, fazer o capeamento e instalar o guarda-corpo”, explicou. Na tarde da última quinta-feira, quando a reportagem esteve no local, apenas três funcionários estavam trabalhando na obra.
CONTAS PRESTADAS
À frente do convênio pelo governo do Estado, a Secretaria de Planejamento (Seplag) diz que não há atraso no envio dos recursos e que o processo tramita normalmente. Em nota, a secretaria explica que os repasses são feitos após a prestação de contas por parte do município.
“Os desembolsos são realizados na medida em que o município presta contas da aplicação da última parcela paga. A Seplag analisa a documentação, realiza a vistoria e encaminha o processo para visto da Procuradoria Geral do Estado (PGE)”, diz o comunicado.
O último pagamento, segundo a nota, foi feito no valor de R$ 2 milhões. “Em 04/10/2017, o município de Paulista enviou a documentação de prestação de contas. A Seplag analisou, realizou a vistoria e remeteu o processo à PGE em 29/12/2017. Caso não haja inconsistências a serem sanadas, o município ficará apto a receber a próxima parcela no valor de R$ 1 milhão”, esclarece a nota da Seplag. A Procuradoria Geral do Estado informou que, após análise, a documentação referente à obra da duplicação foi encaminhada ontem à Secretaria de Planejamento.