Quatro anos depois

Nova pesquisa indica contaminação da água de banheiros e chuveiros da orla de Boa Viagem

Como em 2014, amostras coletadas apontam para água imprópria para uso

Margarette Andrea
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Margarette Andrea
Publicado em 21/08/2018 às 19:45
Leo Mota/JC Imagem
Como em 2014, amostras coletadas apontam para água imprópria para uso - FOTO: Leo Mota/JC Imagem
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Quatro anos depois de uma pesquisa científica feita por estudantes das universidades Federal e Federal Rural de Pernambuco (UFPE e UFRPE) constatar a contaminação da água dos chuveirões da Praia de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, um novo estudo mostra que o problema continua. Desta vez, foram coletadas, em maio, duas amostras de chuveiros e duas de banheiros públicos da orla e as quatro indicaram que a água está fora dos padrões exigidos por lei e, portanto, é imprópria para uso.

A pesquisa foi realizada pela aluna Luísa Souza Almeida, do curso de Farmácia da UFPE, sob a orientação da professora Silvana Calado, do Departamento de Engenharia Química da UFPE. As duas, junto com outros alunos, também foram responsáveis pelo estudo de 2014. Em novembro, o trabalho será apresentado no 58° Congresso Brasileiro de Química, em São Luís (MA).

“Achei que esse problema já estava resolvido, mas o serviço oferecido hoje é o mesmo de quatro anos atrás”, critica a professora. “Como é que se constrói banheiros na orla e se utiliza água do poço sem tratamento? A prefeitura tem que fornecer água de boa qualidade e acabar com esses chuveiros. A portaria Nº 2914/2011 do Ministério da Saúde diz que a água deve ser potável. Banheiro é lugar de se limpar. É uma vergonha isso”.

DOENÇAS

No artigo sobre o tema, a aluna afirma que “estatisticamente, as águas analisadas apresentam valores semelhantes, podendo sugerir que provêm de um mesmo aquífero, sendo não recomendada a utilização destes banheiros prejudiciais à saúde pública”. Ela lembra que a água contaminada pode transmitir doenças gastrointestinais, como cólera, febre tifoide, leptospirose e giardíase, e parasitoses, como amebíase e esquistossomose.

Foram analisados os parâmetros de nitrato, salinidade, sólidos totais dissolvidos, coliformes totais e Escherichia coli (bactéria encontrada nas fezes), conforme metodologia internacional (Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater).
“Trabalho aqui há oito anos e nunca tive nada. Minha filha também toma banho o dia todo por aqui”, diz o barraqueiro Fábio Barroso, 33 anos, salientando não ter chuveiro. Já a vendedora Larissa Souza, 23, havia acabado de dar banho nos filhos, Arhur, 5, e Bárbara, 3, e ficou assustada. “Ainda bem que não banhei o bebê (Kauê, de 9 meses)”.

CONTROLE

Por meio de nota, a Diretoria Executiva de Controle Urbano (Dircon) informa que, em outubro de 2016, após análise da Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde do Recife, desativou 47 pontos de abastecimento de água instalados na orla. E desde então realiza rondas para que não voltem a funcionar. Já a vigilância diz monitorar, todo domingo, a balneabilidade e as condições da água, coletando amostras nos chuveiros, torneiras, no mar e na areia. “Caso o resultado seja positivo para alguma contaminação é encaminhado à Dircon, que realiza as interdições”.

AÇÃO CIVIL

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) informa que já está com os novos estudos e também já requereu à 5ª Vara oficiar a Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde do Recife para o envio de relatórios sobre a qualidade da água dos chuveirões. A pesquisa será juntada à ação civil pública ingressada pelo órgão em dezembro de 2015, requerendo providências sobre o problema. A medida foi adotada após a pesquisa e depois de ter recomendações não adotadas.

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