Apelação

Caso Artur Eugênio: defesa de condenado diz que nada está definido

No dia seguinte à condenação do ex-médico Cláudio Amaro, advogado afirma que há longo processo pela frente

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Publicado em 14/12/2018 às 7:43
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No dia seguinte à condenação do ex-médico Cláudio Amaro, advogado afirma que há longo processo pela frente - FOTO: Reprodução Facebook
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De um lado, a sensação de dever cumprido. Do outro, a de que nada está definido. Para os familiares do médico Artur Eugênio de Azevedo, assassinado aos 35 anos, em 2014, a condenação do ex-médico Cláudio Amaro Gomes, 61, considerado o mandante do crime, e de Jailson Duarte César, o articulador, foi recebida como o fim de uma dolorosa história. Já o advogado de Cláudio Amaro acredita que há um longo caminho pela frente e que tudo pode mudar.

“Hoje a gente pode virar uma página e recomeçar. Hoje posso dizer que eu recomeço a minha vida”, declarou a viúva de Artur, a médica Carla Oliveira, muito emocionada e agradecida pelo resultado do julgamento. A mãe da vítima, Maria Evani, também falou no fim de um ciclo. “A dor de uma mãe de perder um filho, de um filho ficar sem o pai é muito grande, mas Deus é muito fiel, Ele sabe de tudo. E eu sempre confiei muito nele, era o que me sustentava. Eu sei que nada vai trazê-lo de volta, mas pelo menos fica uma sensação de alívio, pelo menos a Justiça foi feita, a de Deus e a da terra”. O pai, Alvani Luiz Pereira, observou que é “continuar a vida e ficar atento ao que pode acontecer, a gente não sabe o que eles podem tramar”.

CONDENAÇÃO

Claúdio, que teve o registro de médico cassado em abril, foi condenado a 27 anos de reclusão e Jailson, a 22 anos de reclusão, dois anos de detenção e 280 dias de multa, em um julgamento que durou três dias. Os advogados dos dois recorreram ao fim do julgamento, pedindo a revogação da decisão, por ausência de provas. “Esse processo está longe de ter um desfecho. Ainda poderemos entrar com recurso especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e com recurso extraordinário no Supremo Tribunal Federal (STF)”, afirmou Bruno Lacerda, defensor do ex-médico.

Segundo o advogado, seu cliente tem convicção de que o filho Claudio Amaro Gomes Júnior, condenado anteriormente, tem envolvimento, porque ele contou ao pai. “Mas disse que não pretendia matá-lo, apenas dar uma surra, porque Artur estava dizendo que o pai não sabia operar”, alegou. Amaro perdeu 21 quilos nos quatro anos e meio em que está preso. “Ele tem hemocromatose, doença que acumula ferro nos órgãos e vai matando a pessoa. E não está podendo ter o tratamento adequado”.

PROVAS

A promotora do Ministério Público Dalva Cabral, diz que “a prova é clara, lúcida, justa e bastante. O resultado do julgamento deu conta disto”, referendando o entendimento da Polícia Civil, do MPPE e do Conselho de Sentença de que ele não é inocente, como alega. Mas mandou matar Artur porque não se conformava com o fato de ele se insurgir “quanto aos procedimentos cirúrgicos que entendia indevidos e desnecessários, uso impróprio de materiais cirúrgicos e distribuição discrepante dos honorários”. O ex-médico também estaria inconformado com a ascensão de Artur.

“A longa trajetória é o que sempre tem buscado a defesa de Cláudio Amaro”, observou Dalva. “A apelação é o recurso que ampara o inconformismo pelo resultado insatisfatório exclusivamente para eles. O Tribunal de Justiça, por certo, analisará com a contumaz responsabilidade e observância à lei e às provas, sequer mandando a novo julgamento, é o que esperamos”.

O cirurgião Artur Eugênio foi sequestrado na porta de casa e assassinado com quatro tiros no dia 12 de maio de 2014. O corpo foi encontrado no dia seguinte na BR-101, no bairro de Comporta, no município de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife. Um dos réus, Flávio Braz, morreu em troca de tiros com a Polícia Militar, no dia 8 de fevereiro de 2015. Em 2016, Claudio Júnior foi condenado há 34 anos e quatro meses de reclusão e Lyferson Barbosa da Silva, a 26 anos e quatro meses.

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