Carnaval 2019

Pitombeirinha é uma porta de entrada para o Carnaval de Olinda

Na segunda reportagem da série sobre herdeiros do Carnaval pernambucano conheça a história de Rodrigo Monteiro Diniz Costa, o menino que criou a Troça Pitombeirinha dos Quatro Cantos na Cidade Alta de Olinda, seguindo os passos do bisavô que nem chegou a conhecer. Morador do Sítio Histórico, Rodrigo é bisneto de um dos fundadores de Pitombeira e respira a folia desde que nasceu. A série começou domingo (24) com o Maracatu Nação Porto Rico, sediado no Recife, e continua até a próxima quinta-feira (28)

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 25/02/2019 às 8:08
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
Na segunda reportagem da série sobre herdeiros do Carnaval pernambucano conheça a história de Rodrigo Monteiro Diniz Costa, o menino que criou a Troça Pitombeirinha dos Quatro Cantos na Cidade Alta de Olinda, seguindo os passos do bisavô que nem chegou a conhecer. Morador do Sítio Histórico, Rodrigo é bisneto de um dos fundadores de Pitombeira e respira a folia desde que nasceu. A série começou domingo (24) com o Maracatu Nação Porto Rico, sediado no Recife, e continua até a próxima quinta-feira (28) - FOTO: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Rodrigo Monteiro Diniz Costa nasceu apaixonado pelo Carnaval. Morador da Cidade Alta de Olinda e bisneto de um dos fundadores da Pitombeira dos Quatro Cantos, ele tinha 5 anos quando criou a versão infantil da troça carnavalesca mista, em 2012, a Pitombeirinha. “Desde pequeno, quando ouvia o barulho de um bloco na rua eu corria para a janela”, diz Rodrigo Costa, hoje com 12 anos de idade.

De tanto olhar a festa nas ladeiras, ele decidiu largar a janela e entrar na folia. “Em 2012 não tinha muitos blocos em Olinda para crianças e como eu tinha uma relação próxima com a Pitombeira por causa do meu bisavô (Jubal Caldas) pedi, com meus pais, autorização para fundar a Pitombeirinha”, recorda. A ideia da troça, diz ele, é chamar a atenção da garotada para o Carnaval.

Nos dois primeiros anos, a Troça Pitombeirinha dos Quatro Cantos desfilou no domingo de Carnaval, saindo da Rua 27 de janeiro, da frente da sede da Pitombeira. “Foi péssimo, tinha muita gente na rua”, avalia Rodrigo Costa. Para fugir da multidão, a partir de 2014 a data da apresentação foi antecipada para o sábado anterior à abertura do Carnaval. “Ficou muito melhor”, comenta.

Vestido de amarelo e preto, as cores oficiais da Pitombeira, Rodrigo Costa carrega o estandarte da Pitombeirinha há sete anos. A agremiação infantil desfila com orquestra de frevo, passistas mirins e, em alguns anos, com clarins. “Os clarins avisam a chegada dos blocos, quando as pessoas escutam o som elas vão para a janela olhar o bloco passar”, diz o pequeno carnavalesco.

“Ele gosta de parar de janela em janela para saudar o morador com o estandarte. E fica contrariado quando as pessoas não aplaudem”, comenta a psicóloga Ana Rosa Costa, mãe de Rodrigo. A troça desfilou sábado passado, à tarde, no Sítio Histórico de Olinda, e faz apenas uma apresentação por ano. A Rua do Bonfim, onde mora uma das avós do menino, não pode ficar de fora do percurso.

Flávia Costa, avó de Rodrigo, é filha de Jubal Costa. Na juventude, ela desfilava como destaque na Pitombeira e fazia a maquiagem das passistas integrantes da troça. “Sempre vamos passar pela Rua do Bonfim e fazer uma parada na frente da casa da minha avó”, afirma Rodrigo. “Ela me contava histórias do Carnaval de Olinda e me ensinou marchinhas antigas, eu decorei todas elas”, relata.

Herança

O fundador e presidente de Pitombeirinha dos Quatro Cantos completa 13 anos em julho próximo, está crescendo e já prepara seu sucessor para pegar o estandarte da troça, o primo Paulo Costa, 3 anos. “Ele gosta de Carnaval e quer segurar o estandarte. Eu quero que ele leve Pitombeirinha adiante. Acho que ele pode ser o porta-estandarte quando tiver uns cinco anos”, declara Rodrigo.

Com um orgulho disfarçado no sorriso fácil, Rodrigo revela que descobriu um fã na nova escola, quando fazia a divulgação do desfile da troça, este ano. “Quando falei para um amigo, da minha sala, ele disse que acompanhava Pitombeirinha todos os anos”, relata. Folião de carteirinha, Rodrigo gosta de Carnaval de rua, segue os blocos nas ladeiras e não sai de Olinda nos dias da festa.

O carnavalesco mirim está disposto a proteger a herança do bisavô que não chegou a conhecer. “Pitombeira não morre jamais. Se um dia acontecer alguma coisa que ameace a Pitombeira, eu vou ajudar”, avisa o bisneto de Jubal Costa.

“Essa foi uma ideia fantástica de Rodrigo, os filhos dos pitombeirenses acompanham a troça, são as crianças repetindo o comportamento dos pais e mães no Carnaval”, comenta o atual presidente de Pitombeira dos Quatro Cantos, Hermes Cristo Cunha Neto, 40. Ele mesmo fez isso, 30 anos atrás, com a ajuda do irmão, quando queria brincar na Pitombeira e a família não permitia porque não era lugar de criança.

A saída encontrada por Hermes, neto de Hermes Cristo Cunha, presidente de Pitombeira de 1980 a 1990, foi criar o bloco O Menino do Beco, que continua em atividade no Carnaval de Olinda. “Os fundadores agora são homens de 34 a 43 anos, com filhos pequenos e em idade de brincar também.” Vinícius, 6, o filho mais novo de Hermes Neto, é folião do Pitombeirinha desde os 3 anos.

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