Para que a cidade seja aproveitada ao máximo por seus habitantes, é preciso colocar em pauta o planejamento urbano, as potencialidades e fraquezas do território e as melhores formas de utilizar o espaço público. Ocupação do solo, economia urbana, mobilidade – os temas são diversos. Pensando em estudar a área expandida do centro do Recife, a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e a Prefeitura do Recife fecharam uma parceria que foi chamada de Plano Centro Cidadão. O projeto encerrou em 2018, mas rendeu uma série de frutos muito importantes para o debate da arquitetura e do urbanismo locais.
O principal objetivo era propor intervenções e melhorias urbanas para uma área chamada de Centro Continental do Recife, de 600 hectares, formado pelos limites entre a Avenida Agamenon Magalhães e o Rio Capibaribe. Os estudos beneficiam os bairros da Boa Vista, Coelhos, Ilha do Leite, Paissandu, Santo Amaro e Soledade. Em três anos, foram publicados quatro volumes que sintetizam todo o estudo realizado pela comunidade científica. A pesquisa reuniu cerca de 60 profissionais, entre professores e pesquisadores de diversos cursos da Unicap, além de alunos de iniciação científica.
“Nós desenvolvemos estudos preliminares para identificar quais seriam as potencialidades e as fraquezas do território”, explica a coordenadora geral do Plano Centro Cidadão, Andrea Câmara. “Foi um trabalho que resultou em desenhos e estratégias que, posteriormente, subsidiaram a Urb, empresa ligada à Prefeitura, a desenvolver o projeto executivo de intervenções viárias”, continua.
As diretrizes sugeridas a partir do estudo e do diagnóstico caminham por três eixos. O primeiro foi lutar por uma cidade produtiva e preservada. “Muitas vezes, no planejamento, se coloca a preservação como um empecilho para a geração de novas riquezas. Na verdade, o que vemos é o contrário”, detalha Andrea. O segundo eixo foi ter uma cidade adensada populacionalmente, para que fossem dados usos a seus espaços públicos. Por fim, o terceiro eixo foi a humanização da cidade, reduzindo a velocidade de carros, promovendo mais segurança e conforto para todos os personagens.
“A Unicap entra com a contribuição técnica de pesquisadores, que são habilitados e capacitados, com a reflexão sobre a cidade e a proposição de diretrizes”, explica Paula Maciel, coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da instituição. “A prefeitura entra com a visão dela enquanto poder público e articulador para que essas decisões possam vir a se concretizar.”
Entre as intervenções que já saíram do papel, está a requalificação urbanística da calçada do Liceu, na Rua do Príncipe, área central da cidade. As obras visam alargar o trecho onde fica o ponto de ônibus, melhorando a mobilidade dos pedestres, acrescentando uma faixa para travessia e uma área de convivência. “Para nós, essa obra foi importante porque materializou uma parte do que foram os estudos do Plano Centro Cidadão”, pontua Paula Maciel.
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Apesar de o convênio com a prefeitura estar finalizado, os frutos da pesquisa vão continuar rendendo a longo prazo. Além das aplicações de todo o plano, que podem vir a ser feitas pelos órgãos públicos, a universidade vai dar continuidade aos estudos da área e todo o debate urbanístico que ele gerou. “A pesquisa sobre o território é dada continuidade na universidade, seja através de pesquisas individuais de professores, seja também com atividades acadêmicas nas disciplinas”, afirma Paula. “Acho que todos os estudos que foram feitos são realmente importantes para abrir pelo menos o caminho para um novo pensamento urbano arquitetônico dentro da cidade do Recife”, conclui Andréa.
O investimento total foi de R$ 3 milhões, sendo 90% desse valor investido pela prefeitura. O restante dos recursos vieram da Unicap. O documento contendo as diretrizes está disponível no site conselhodacidade.recife.pe.gov.br