Urbanismo

Plano define diretrizes urbanísticas para o Centro do Recife

A ideia é uma cidade com menos muros, mais calçadas, edificações de uso misto e parte de espaços privados compartilhados com o público

Ciara Carvalho
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Ciara Carvalho
Publicado em 08/06/2017 às 20:45
LEO MOTTA/JCIMAGEM
A ideia é uma cidade com menos muros, mais calçadas, edificações de uso misto e parte de espaços privados compartilhados com o público - FOTO: LEO MOTTA/JCIMAGEM
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Uma cidade com menos muros, mais calçadas, edificações de uso misto e parte de espaços privados compartilhados com o público. As diretrizes urbanísticas traçadas no Plano Centro Cidadão, fruto de um convênio entre a Prefeitura do Recife (PCR) e a Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), priorizam uma forma de ocupação mais humanizada da cidade. No caso específico, o Centro Expandido do Recife. O material, apresentado ontem, vai nortear as alterações nas legislações urbanísticas da capital, cujas discussões devem começar no segundo semestre deste ano. No calendário da gestão, vão entrar na pauta as revisões do Plano Diretor, da Lei do Uso e Ocupação do Solo, além de normativas específicas para áreas de grande interesse do Centro, como o chamado “Quadrilátero de Santo Amaro”, espaço entre as Avenidas Cruz Cabugá, Mário Melo, Avenida Norte e Rua da Aurora que vem passando por grande transformações urbanísticas.


Uma das principais diretrizes definidas é o compartilhamento de espaços privados com o público. A ideia é ampliar a integração do território urbano em favor da mobilidade do pedestre. Calçadas mais largas, iluminação voltada para a rua, gradios em lugar de muros, equipamentos urbanos, como bancos e quiosques. O resultado do planejamento integrado da arquitetura, mobilidade, arborização, mobiliário e infraestrutura ganhou o nome de rua cidadã. São espaços que privilegiam quem circula pela cidade a pé, vocação natural do Centro do Recife.


Uma amostra de como colocar esse conceito em prática é o desenho já planejado para a Rua do Príncipe. A proposta consiste em recuar o muro do antigo Colégio Nóbrega para alargar a calçada, num trecho de cerca de cem metros de extensão. O passeio público passaria de 2,40 metros de largura para 10,5 metros. A liberação do terreno já foi negociada pela reitoria da Unicap e o projeto encontra-se em análise na Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) e na Empresa de Urbanização do Recife (URB). De acordo com a prefeitura, a ordem de serviço para a realização da obra deverá ocorrer ainda este ano.


“Esse projeto funcionará como um laboratório, uma vitrine para as diretrizes definidas pelo plano. Queremos usar essa experiência como um piloto que poderá ser replicada em outras áreas do Centro”, afirmou o secretário de Planejamento Urbano do Recife, Antônio Alexandre. A ideia, segundo ele, é ampliar a calçada para dentro dos lotes de terrenos particulares. Usar a rua como elemento de ligação entre os espaços públicos tradicionais e determinadas atividades que, apesar de serem privadas, promovem a circulação de muitas pessoas. É o caso de universidades, shoppings, galerias e o próprio comércio. A exemplo da negociação feita para a cessão de parte do terreno do antigo Colégio Nóbrega, o modelo prevê que o espaço continuará pertencendo à propriedade privada, mas será compartilhado para uso público.

PONTO DE PARTIDA

A coordenadora do estudo pela Unicap, Andréa Câmara, diz que o plano deve ser visto como um ponto de partida, e não de chegada para o planejamento urbano. “Com as diretrizes definidas, o próximo passo é apontar os instrumentos específicos para garantir uma cidade mais integrada. A dimensão econômica, o uso para habitação social, garantindo a diversidade de público, tudo isso precisa ser considerado”, afirmou. O estudo engloba seis bairros: Boa Vista, Coelhos, Ilha do Leite, Paissandu, Santo Amaro e Soledade. A previsão é de que o documento final seja apresentado até o próximo mês de setembro.

Embora não esteja especificamente no escopo do plano, a região conhecida como Quadrilátero de Santo Amaro também sofrerá os impactos dessa mentalidade de cidade compartilhada, segundo o secretário Antônio Alexandre. “Há um decreto que congela a apresentação de novos projetos de construção até o final do ano. Ate lá, queremos regulamentar o uso urbano dessa área já dentro das diretrizes apresentadas pelo plano”, afirmou.

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