As cinco famílias que viviam nos kitnets que desabaram e nos apartamentos localizados no mesmo prédio perderam tudo. A Defesa Civil impediu os moradores de entrarem nos imóveis para pegar pertences, devido à fragilidade da estrutura. Assim, o prédio foi demolido com sofás, geladeiras, camas e outros utensílios domésticos. Para alguns, o prejuízo chega a R$ 20 mil.
“Eu estava fora, quando recebi uma ligação do meu irmão, que morava em um kitnet ao lado do meu, falando que o chão estava cedendo. Quando cheguei em casa, já tinha acontecido. Só sobrou o meu apartamento e o dele. Pedi aos órgãos competentes que colocassem uma escada, para que a gente pudesse retirar nossos pertences, mas não foi possível. Não consegui pegar nada. Perdi documento, roupa, televisão, cama. Foram anos para conseguirmos comprar nossos bens e perdemos tudo em minutos”, lamentou o operador de equipamentos Juceval Melo, 44 anos. Há cinco anos, ele morava no endereço. Primeiro em um kitnet localizado no imóvel conjugado, vizinho àquele onde houve o desabamento e, há um ano, no imóvel onde a tragédia aconteceu.
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Ainda ferida, após ficar presa entre os escombros com a família, a estudante Larissa Maria de Oliveira, 18, acompanhou a demolição. “É um sentimento de tristeza. A gente tinha tudo e, de uma hora para outra, não tem nada. Foi tudo muito rápido, não deu para salvar nada.”
“Houve um comprometimento estrutural muito alto, então não havia segurança para permitir o acesso dos moradores. Por isso, infelizmente, eles não retiraram seus pertences. No prédio vizinho, conseguimos entrar com os residentes e fazer a retirada dos objetos pessoais. Foi um procedimento orientado pela nossa equipe”, justificou Elaine Hawson, gerente-geral de engenharia da Defesa Civil do Recife.
De acordo com o advogado do proprietário dos prédios, Márcio Lima, a família está disposta a arcar com o prejuízo. “Vamos fazer uma listagem de pertences perdidos. Todos os moradores serão indenizados pelo que perderam. O proprietário também vai custear os caminhões para transporte de mudança e fornecer um auxílio, para que essas pessoas não fiquem sem ter onde morar. Elas não ficarão desamparadas. Vamos assumir a responsabilidade”, garantiu.
À família da dona de casa Alba Valéria Guimarães, 50, que morreu na tragédia, o proprietário teria devolvido três meses de aluguel e se comprometido a arcar com as despesas funerárias. De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), o corpo da mulher foi liberado ontem pelo Instituto de Medicina Legal (IML), mas a família só deve realizar o velório e o enterro hoje. Não há informações sobre o local onde o corpo será sepultado.