TERREMOTO

Especialistas descartam tsunami no Recife

Abalos sísmicos ocorridos na madrugada desta segunda (5) no Atlântico não são característicos de tsunami

JC Online
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Publicado em 05/08/2019 às 12:53
Foto: Diego Nigro/Acervo JC Imagem
Abalos sísmicos ocorridos na madrugada desta segunda (5) no Atlântico não são característicos de tsunami - FOTO: Foto: Diego Nigro/Acervo JC Imagem
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A possibilidade de um tsunami atingir o Recife está descartada. Um tremor de 5,8 graus de magnitude na escala Richter foi registrado no Oceano Atlântico à 0h40 desta segunda-feira, 5, segundo o Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LabSis/UFRN). De acordo com Lucivânio Jatobá, especialista em geomorfologia e professor de ciências ambientais da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), os abalos sísmicos ocorrereram de forma horizontal, o que descarta a possibilidade de um tsunami. 

"Abalos sísmicos preocupantes, em áreas submarinas, são aqueles que resultam de alívio de pressão em face de movimentos verticais verificados nas placas litosféricas, em falhas geológicas. São destruidores, pois geram, inevitavelmente, tsunamis, como os que acontecem no mar do Japão, na Oceania, deixando um grande rastro de destruição, com consequências terríveis do ponto de vista social e econômico. etc. Não foi o caso deste que aconteceu domingo no Atlântico, que resultou de movimento horizontal da crosta terrestre na cadeia do Atlântico. Não será gerado, portanto, tsunami sob tais condições. Não corremos esse risco aqui na costa nordestina", explicou o professor Lucivânio. 

O epicentro do terremoto foi a 163 quilômetros dos arquipélagos de São Pedro e São Paulo; a 738 km de Fernando de Noronha, em Pernambuco; a 1.100 km de São Miguel do Gostoso e a 1.111 km, no Rio Grande do Norte; e a 1.295 km de Fortaleza, no Ceará.

Porém, de acordo com o LabSis, as chamadas falhas transcorrentes - movimentos direcionais provocados por eixos de maior tensão e maior tração na horizontal -, quando acontecem no meio do oceano, mesmo em grandes magnitudes, não provocam tsunamis.

Ainda de acordo com Jatobá, este fenômeno, inclusive, acontece com uma certa frequência. "Não houve algo de extraordinário nesse abalo sísmico. Na Cadeia Mesoceânica do Atlântico ( norte e sul) esses abalos se verificam com uma certa frequência. No dia 27 de julho ocorreu outro na latitude do Rio Grande do Sul, no meio do oceano, com magnitude 5.2. No dia 31 de julho, ocorreu na mesma cadeia, na latitude de Salvador, outro sismo de magnitude 5.0, mas todos em falhas geológicas horizontais. Aqui nas latitudes entre Sergipe e Rio Grande do Norte ocorrem sismos, mas não frequentemente, e sempre afastados da linha de costa", acrescentou. 

Ao jornal O Estado de S. Paulo, o professor do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) Marcelo Bianchi, também ressaltou que sismos como este acontecem mais de uma vez por ano, no mesmo local e com a mesma magnitude.

Segundo o professor da USP, o tremor aconteceu a dorsal meso-oceânica, onde ocorre um processo contínuo de criação de litosfera oceânica (as placas tectônicas) - esses locais possuem falhas que acomodam a movimentação.

"Como o lugar habitado mais próximo em geral está muito distante - mais de 500 quilômetros -, eles acabam não sendo sentidos, apenas são registrados por equipamentos", explicou Bianchi. "Da forma como ocorreu, este sismo não é uma ameaça a ser considerada para gerar um tsunami no Atlântico."

Ondas entre três e quatro metros

De acordo com alerta transmitido pelo Centro de Hidrografia da Marinha brasileira na última noite de domingo (4), um sistema de alta pressão sobre o oceano poderá provocar fortes ventos com intensidade de até 74km/h e ondas entre três e quatro metros até a próxima quarta-feira (7) pela manhã nos estados da Bahia, do Sergipe, de Alagoas, de Pernambuco, da Paraíba e do Rio Grande do Norte.

"As ondas de maior altura que estão sendo observadas no litoral da Região Metropolitana e até na Paraíba verificam-se não como consequência do sismo no Atlântico Central e sim como decorrência das fortes rajadas de vento que ocorreram nos últimos dias", reforçou Lucivânio Jatobá.

Assunto vira piada na web 

Dado à proximidade com a costa do Nordeste brasileiro, o assunto se tornou o mais comentado dos Trending Topics do Twitter. Entre outras coisas, os internautas se assustaram com boato de que o terremoto pudesse ocasionar um tsunami nessas regiões.

O termo "tsunami" rapidamente chegou aos Trending Topics e, claro, rapidamente o assunto virou piada. Confira alguns tweets:

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