Religião

Dom Fernando: 10 anos do arcebispo na Arquidiocese de Olinda e Recife

A data será comemorada pela Arquidiocese de Olinda e Recife neste domingo (18) com missa no Santuário de Fátima, no Centro da capital pernambucana

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 18/08/2019 às 7:07
Foto: Bianca Sousa/JC Imagem
A data será comemorada pela Arquidiocese de Olinda e Recife neste domingo (18) com missa no Santuário de Fátima, no Centro da capital pernambucana - FOTO: Foto: Bianca Sousa/JC Imagem
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Beneditino de formação, dom Antônio Fernando Saburido celebra neste domingo, 18 de agosto, dia da Assunção de Nossa Senhora, 10 anos como arcebispo na Arquidiocese de Olinda e Recife. A data será comemorada com missa às 10h no Santuário de Nossa Senhora de Fátima (antiga capela do Colégio Nóbrega), localizado na Avenida Oliveira Lima, na Soledade, bairro do Centro do Recife. Confira, abaixo, trechos da entrevista concedida por dom Fernando Saburido sobre a primeira década do seu pastoreio.

JC – Dez anos atrás, quando o senhor começou o seu pastoreio, havia 100 paróquias e cerca de 200 padres na Arquidiocese de Olinda e Recife. Conseguiu aumentar seu rebanho?
Dom Fernando Saburido – Graças a Deus conseguimos dar um salto significativo, atualmente são 140 paróquias, 323 padres e 72 seminaristas. A perspectiva é boa para que possamos dar maior assistência ao povo de Deus. A arquidiocese é muito grande, abrange 19 municípios, é toda a Região Metropolitana do Recife e mais cinco cidades fora da RMR, com 4,1 milhões de habitantes.

JC – Como tem sido o trabalho da Comissão de Justiça e Paz, fechada em 1985 e reaberta pela arquidiocese em 2017?
Dom Fernando – Foi uma bênção de Deus termos podido dar esse passo, foi algo que levou um tempo para ser construído, precisou de uma sensibilização da igreja em geral sobre a importância da Comissão de Justiça e Paz. Recentemente, a comissão teve um papel muito importante junto ao moradores do Edifício Holiday (localizado em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, o prédio foi interditado pela Justiça e as famílias tiveram de desocupar os apartamentos). A comissão emitiu uma nota muito séria sobre a situação atual do País, tem procurado estar perto das situações que estão surgindo, tem o papel de ser solidária com os mais pobres.

 Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem

JC – Em 2013 o senhor enfrentou problema com a venda ilegal de jazigos por irmandades e decretou uma intervenção. Como está a questão?
Dom FernandoTodas as irmandades estão sob controle da Arquidiocese de Olinda e Recife. Achamos que era necessário tomar uma atitude, estamos organizando as irmandades, concentrando a administração e eu acho que está indo muito bem. Algumas dioceses do Brasil mandaram pessoas para cá para ver como estávamos fazendo e copiaram o modelo. As arquidioceses do Rio de Janeiro e de Salvador nos procuraram para se inteirar da nossa experiência. As irmandades continuam existindo, assistidas e recebendo orientações da Comissão de Intervenção, algumas delas não existem porque não tem mais irmãos. Outras medidas virão mais adiante.

JC – Pode ser considerado um dos problemas mais graves nesses 10 anos?
Dom Fernando – O mais complicado foi esse, mas tivemos desafios pastorais que foram vencidos. A Arquidiocese de Olinda e Recife é muito grande e o número de padres é insuficiente para a população, então nós entendemos desde o começo que tínhamos de fazer um governo colegiado para dar melhor assistência. Criamos os vicariatos episcopais, dividimos a arquidiocese em vicariatos e cada um abrange um determinado número de paróquias. Escolhi um vigário episcopal para coordenar a região, ele é um mini bispo com delegação do ponto de vista canônico para gerir todas as paróquias. Atualmente são 9 vicariatos territoriais e um pessoal para a vida religiosa. Isso facilitou muito, diversos problemas são resolvidos no vicariato. Levou um tempo para ser entendido, mas agora está muito bem.

Desafios

JC – O Seminário de Olinda e a Igreja da Graça foram interditados por problemas estruturais e continuam fechados...
Dom Fernando – Isso me preocupa demais porque no próximo ano nós vamos ter no Recife o 18º Congresso Eucarístico Nacional, já temos mais de 200 bispos inscritos e virá gente do Brasil inteiro para cá. E claro que o Seminário de Olinda é um local que todo mundo tem interesse de conhecer, pela sua história. O Iphan autorizou a arquidiocese a captar R$ 3,7 milhões pela Lei Rouanet, nós só conseguimos captar R$ 1,5 milhão para fazer a obra emergencial, que daria condições de moradia. A obra continua com os poucos recursos que conseguimos e estamos ameaçados de parar porque não temos mais dinheiro. Se quiserem me dar um presente pelos 10 anos de pastoreio, me ajudem a terminar essa obra no seminário.

 Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem

JC – Hoje, quais são os desafios sociais da Arquidiocese de Olinda e Recife?
Dom Fernando – O Congresso Eucarístico Nacional tem como tema Pão em Todas as Mesas e já colocamos esse tem propositalmente, estamos no Nordeste, com tantos desafios sociais e a gente quer lutar pela igualdade porque a eucaristia deve levar a isso, a sermos irmãos, a partilharmos. Pensamos em fazer um gesto concreto e deixar como herança do congresso uma casa no Centro da cidade que possa ser um serviço aos pobres, oferecendo acolhida, alimentação, um trabalho da igreja, não sei se vamos conseguir, mas estamos lutando. A igreja fez a opção preferencial pelos pobres, de modo que a gente não pode ter apenas a teoria, tem de ter também a prática, estar juntos das pessoas mais necessitadas. As pastorais sociais procuram atuar nesse sentido, para sermos uma igreja em estado permanente de missão, que vai ao encontro do outro.

JC – O senhor está com 72 anos e seu pastoreio termina aos 75. Quais os planos para os próximos três anos?
Dom Fernando – O Congresso Eucarístico Nacional, em novembro de 2020, vai tomar muito tempo. Depois, espero pelo menos iniciar a construção da (comunidade terapêutica) Fazenda da Esperança feminina e dar um encaminhamento para a casa dos padres, o lar sacerdotal. Vejo alguns padres que deram a vida inteira pela igreja, que ficaram fora da família, não têm parentes próximos, então para onde vão quando se tornam velhos? Sempre tive a intenção de fazer uma casa para oferecer assistência a eles, tenho o desejo de antes de terminar minha missão concretizar esse sonho.

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