Religião

Dom Fernando, o arcebispo que pacificou a igreja de Olinda e Recife

Professores destacam a missão pacificadora de dom Fernando Saburido nos 10 anos à frente da arquidiocese

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 18/08/2019 às 7:07
Foto: Alexandro Auler/Acervo JC Imagem
Professores destacam a missão pacificadora de dom Fernando Saburido nos 10 anos à frente da arquidiocese - FOTO: Foto: Alexandro Auler/Acervo JC Imagem
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Ao assumir a Arquidiocese de Olinda e Recife, em 16 de agosto de 2009, dom Fernando Saburido herdou uma igreja cheia de tensões depois de ter sido conduzida durante 24 anos por dom José Cardoso, um carmelita conservador. Ordenado bispo em 2000, dom Fernando atuou como auxiliar na arquidiocese de 2000 a 2005. Há dez anos, foi nomeado arcebispo metropolitano pelo Papa Bento 16.

Neste domingo (18),  a comunidade católica comemora uma década do pastoreio de dom Fernando Saburido na Arquidiocese de Olinda de Recife com celebração de missa. A cerimônia será às 10h no Santuário de Nossa Senhora de Fátima (antiga capela do Colégio Nóbrega), na Avenida Oliveira Lima, bairro da Soledade, no Centro do Recife.

“O primeiro grande desafio de dom Fernando foi acalmar a igreja de Olinda e Recife, isso ele conseguiu fazer nesses dez anos. O arcebispo não fechou as portas para nenhuma das pastorais sociais que conseguiram sobreviver ao deserto de dom José Cardoso”, afirma o historiador e professor da Universidade Federal de Pernambuco, Severino Vicente da Silva. Dom Fernando, diz ele, buscou o equilíbrio com todas as tendências religiosas da igreja.

Ao destacar a ação pacificadora, Severino Vicente cita a Missa dos Santos Óleos, na qual os padres renovam os votos sacerdotais. “Hoje, quando você vai à missa da Quinta-Feira Santa, quase todos os padres estão lá”, observa. As celebrações presididas por dom José Cardoso, no fim da gestão do carmelita, reuniam poucos sacerdotes. “Dom Helder (arcebispo antes de dom José, dirigiu a igreja no período da ditadura militar e faleceu em 1999 aos 90 anos) chegou num momento em que quase não tinha padres na missa por causa das tensões.”

 Foto: André Nery/Acervo JC Imagem

Quando dom Fernando tomou posse, continua o historiador, havia a expectativa de que ele resgataria as ações de dom Helder. “Não é bem assim porque o mundo que dom Helder viveu é diferente do mundo que se vive hoje. As respostas que dom Saburido está dando à diocese não podem ser as mesmas que dom Helder deu nem as que dom Cardoso deu para afastar a ameaça do comunismo”, diz Severino Vicente.

Organização pastoral

Para o coordenador da graduação em teologia da Universidade Católica de Pernambuco, Sérgio Vasconcelos, “a vinda de dom Fernando marca um tempo muito rico na arquidiocese” com a reestruturação da organização pastoral. “Ele dividiu a arquidiocese em regiões, os vicariatos, e com isso dinamizou a articulação pastoral para que o trabalho da igreja tivesse uma maior eficácia entre as pessoas nas paróquias”, declara Sérgio Vasconcelos.

Dom Fernando, na avaliação do professor da Unicap, demonstrou desde o início preocupação em trabalhar de forma conjunta. “É o que a gente chama em linguagem teológica de preocupação sinodal e o desejo de sinodalidade é uma característica dele”, declara. “Sinodalidade é caminhar juntos, toda essa formatação que ele foi criando na arquidiocese tem como objetivo ter o clero trabalhando junto com os leigos, os movimentos e as congregações religiosas tentando encontrar respostas aos desafios.”

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