Uma Polícia Federal integrada às instituições para fortalecer o combate à corrupção, ao crime organizado e ao tráfico de drogas. A nova superintendente da PF em Pernambuco, Carla Patrícia Cintra Barros da Cunha, deixou claro que uma das prioridades do novo comando será ampliar as parcerias com os demais órgãos policiais do Estado. Numa posse concorrida e prestigiada por dezenas de autoridades, a primeira mulher à frente da superintendência da instituição em Pernambuco disse que sua gestão "vai primar pela técnica e atuação contundente, mas sem esquecer o lado humano de mulheres e homens por trás dos cargos."
O currículo da nova superintendente ajuda a reforçar a estratégia de aproximação e atuação conjunta entre as instituições policiais. Nos últimos dois anos, Carla Patrícia esteve no comando da Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS), onde conheceu de perto o efetivo policial do Estado. A delegada federal teve, inclusive, uma participação decisiva na criação do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco), que inclui várias delegacias especializadas no combate à corrupção. Ela foi uma das idealizadoras do novo formato adotado, no final de 2018, pela Polícia Civil. "A partir dessa especialização, que possui um mesmo roteiro seguido pela Polícia Federal, as ações (conjuntas) naturalmente serão intensificadas", destacou Carla Patrícia
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O secretário de Defesa Social, Antônio de Pádua, reforçou que a contribuição dada pela nova superintendente estreitou a forma de atuação das polícias. "Ela fez um trabalho brilhante à frente da Corregedoria, trouxe sua experiência para que a gente pudesse construir o Draco. O governo do Estado agradece a essa participação e toda a história que ela tem à frente do combate à corrupção na Polícia Federal. A nossa ideia também é aumentar essa integração", declarou.
Com a experiência de quem começou na PF de Pernambuco como estagiária, Carla Patrícia está há 20 anos na instituição, tendo passado por diversos cargos. Ocupou por seis anos a função de escrivã e, já como delegada federal, chefiou vários departamentos e delegacias regionais. É descrita como uma pessoa determinada, aguerrida e de pulso forte.
Em seu discurso, a nova superintendente fez questão de ressaltar que o conceito de segurança pública não se restringe apenas à repressão. "A segurança, para além da paz e da ordem social, é fator extremamente relevante para o desenvolvimento econômico de uma nação. A eficácia da segurança publica previne o desmatamento, as queimadas, a poluição e, em última análise, mantem o equilíbrio ambiental para impedir indesejadas mudanças climáticas que podem afetar a produção agrícola do Brasil e, em decorrência, atingir a nossa balança comercial", pontuou.
A posse aconteceu na manhã desta sexta-feira (13), no auditório do Tribunal Regional Federal (TRF) da 5° Região, no Cais do Apolo, no Bairro do Recife. Entre as autoridades, estiveram presentes o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, e o ex-superintendente da PF em Pernambuco Carlos Henrique de Sousa, que, no mês passado, deixou o cargo para assumir a chefia da instituição no Rio de Janeiro.
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JC - Em seu discurso, a senhora ressaltou a importância da segurança para o desenvolvimento socioeconômico dos Estados e do País.
CARLA PATRÍCIA - Essa compreensão é fundamental. Normalmente as pessoas têm uma visão muito limitada da segurança pública. E, na verdade, a segurança pública fomenta a economia de qualquer nação e também é responsável por aumentar a credibilidade e a força das instituições públicas. Uma das coisas que o turista, por exemplo, se preocupa quando vai viajar é com a segurança. E no caso de Pernambuco, o comércio, os bens e serviços são responsáveis por mais de 70% do PIB estadual. Então a segurança pública tem um papel fundamental no sentido de tornar o Estado um destino atraente para todos.
JC - A senhora destacou o combate à corrupção uma prioridade. E a senhora foi uma das idealizadoras do Draco (Departamento de Repressão ao Crime Organizado), no âmbito da Secretaria de Defesa Social. Em que medida a criação dessa especializada ajuda na ação conjunta com a Polícia Federal?
CARLA PATRÍCIA - Essa integração com a Polícia Civil ela já é histórica. O que faltava ao Estado era efetivamente era ter criado por lei um departamento específico com delegacias especializadas no combate à corrupção. A partir dessa especialização, que seguiu um mesmo roteiro seguido pela Polícia Federal, as ações naturalmente serão intensificadas. Porque há uma correspondência de doutrina e de atuação.
JC - O que esperar da sua gestão?
CARLA PATRÍCIA - Todo o planejamento estratégico da Polícia Federal que é todo voltado ao combate à corrupção, ao desvio de recursos públicos e ao enfrentamento ao tráfico de drogas será mantido, com o desafio de integrar essa atuação com os demais órgãos públicos do Estado.
JC - Qual a importância institucional de ser a primeira mulher a comandar a superintendência da Polícia Federal em Pernambuco? O que isso representa na carreira de outras delegadas dentro da corporação?
CARLA PATRÍCIA - Em relação a ser a primeira mulher a assumir o comando da PF, eu acho que a gente deve encarar com mais naturalidade esse fato. Eu fico muito feliz da minha instituição não medir a capacidade, a vocação e a competência pelo gênero. Isso é importante que seja fomentado nas demais instituições e também nas empresas privadas. Em relação à minha história pessoal, é importante para a instituição porque, na verdade, são etapas de uma carreira de 20 anos. É importante dizer isso às pessoas que estão chegando, que não se preocupem com o fim, porque o caminho, o percurso é mais importante.