Meio Ambiente

Conservação de cavalo-marinho ameaçada em Porto de Galinhas

O Instituto Hippocampus, no Litoral Sul de Pernambuco, atravessa dificuldades financeiras e teve a energia cortada

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 27/01/2020 às 18:13
Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
O Instituto Hippocampus, no Litoral Sul de Pernambuco, atravessa dificuldades financeiras e teve a energia cortada - FOTO: Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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Um aviso afixado no portão do Instituto Hippocampus, organização não governamental situada na Praia de Porto de Galinhas, em Ipojuca, município no Grande Recife, informa aos visitantes que o local está fechado e sem previsão de reabrir ao público, por falta de patrocinadores. Fundado há 25 anos e desde 2001 sediado no Litoral Sul de Pernambuco, o projeto atua na conservação do cavalo-marinho, espécie de peixe ameaçado de extinção.

O instituto atravessa dificuldades financeiras desde 2016, acumula dívidas e teve a energia cortada na quarta-feira da semana passada (22/01) por falta de pagamento. “Um vizinho nos cedeu um ponto de luz para alimentar a máquina que mantém a oxigenação dos aquários, se não fosse isso os cavalos-marinhos iriam morrer”, declara José Clebson da Silva, biólogo do projeto Hippocampus há sete anos.

Recado aos visitantes na sede da ong. Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem

Sem energia elétrica, a sala de exposições, com 33 aquários para as visitações públicas, está às escuras. “Estamos com dificuldades para dar comida aos animais, é preciso levar uma lanterna e alimentar um por um”, destaca José Clebson ao mostrar um aquário repleto de filhotes. “Nasceram de ontem (domingo, 26) para hoje (segunda-feira, 27)”, informa.

 O Hippocampus, diz ele, desenvolve ações para conservação e reprodução dos cavalos-marinhos, devolução dos peixes à natureza e tratamento de animais doentes, além de atividades turísticas com educação ambiental. Nos 19 anos do projeto em Pernambuco, o instituto devolveu mais de 900 mil filhotes ao ambiente natural, um estuário no Pontal de Maracaípe, junto de Porto de Galinhas.

Patrocínio

De novembro de 2008 a janeiro de 2016, a ong se manteve com recursos da Petrobras, mas o contrato terminou e não foi renovado. A partir de 2016, a entidade recebeu apoio da Prefeitura de Ipojuca, porém a colaboração não era suficiente para custear todas as despesas. “A conta de luz acumulou, negociamos com a Celpe e parcelamos os atrasados, infelizmente não conseguimos mais pagar”, lamenta o biólogo.

 Lojinha auxilia na manutenção. Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem

Antes de suspender as visitações, a ong tinha como fonte de renda a arrecadação da bilheteria (R$ 20 o ingresso inteiro e R$ 10 a meia entrada) e da lojinha de artesanato e suvenir. “Capacitamos três grupos de artesãs de Porto de Galinhas, são mães sem emprego fixo ou que precisavam complementar a renda, elas produzem artesanato e nós compramos para revender”, informa.

Criado no Rio Grande do Sul, o instituto foi transferido para Porto de Galinhas e já representou o Brasil num congresso sobre cavalo-marinho organizado pela da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), na França. No ano passado, fez o monitoramento dos peixes em Fortaleza (CE), na época do derramamento de óleo nas praias do litoral nordestino. “Temos um trabalho prestado ao município, ao Estado e ao País”, observa.

Ajuda

Na manhã desta segunda-feira (27), funcionários da ONG estavam retirando os aquários destinados à reprodução dos cavalos-marinhos, que ficavam num espaço alugado defronte do instituto, na Rua Esperança, e precisa ser desocupado até o fim deste mês. Os reservatórios foram realocados numa sala na sede do projeto. “Não é o local apropriado, o setor de reprodução é reservado aos pesquisadores, mas não temos como pagar o aluguel da sede e da área de alevinagem (produção de filhotes)”, diz Clebson.

 Sala de reprodução será desativada. Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem

Depois do corte de energia, o primeiro socorro veio de Valdir José da Silva, proprietário de um bar vizinho do instituto. “Eles me procuraram e eu cedi a energia elétrica, conheço os peixinhos desde o mangue, o habitat natural deles, até os aquários do projeto, é importante mantê-los vivos e precisamos proteger o meio ambiente para preservar os cavalos-marinhos”, declara Valdir José.

Quem puder colaborar com o projeto pode depositar qualquer quantia no Banco do Brasil, agência 2138-5, conta corrente 50716-4. O CNPJ do Instituto Hippocampus é 04.534.382/0001-94. Cavalos-marinhos vivem até cinco anos e são ameaçados de extinção por poluição, destruição do ambiente, pesca de arrasto e aquarismo, de acordo com o biólogo.

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