Conjuntura

Comércio do Recife amarga Carnaval da crise

Varejo registra queda de 40% nas vendas e lamenta clima de Quarta-Feira de Cinzas

Luiza Freitas
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Luiza Freitas
Publicado em 24/01/2016 às 8:47
Foto: Bobby Fabisak/ JC Imagem
Varejo registra queda de 40% nas vendas e lamenta clima de Quarta-Feira de Cinzas - FOTO: Foto: Bobby Fabisak/ JC Imagem
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Os clarins de Momo ainda nem soaram e o clima já é de Quarta-Feira de Cinzas pelas ruas do comércio do Centro do Recife. A menos de duas semanas para o início do Carnaval, lojas de adereços, tecidos e fantasias amargam queda de até 40% nas vendas em comparação com o período pré-carnavalesco do ano passado. Além da esperada retração do consumo, o calendário não ajudou nas vendas deste ano. Bem no início de fevereiro, o Sábado de Zé Pereira sofre os impactos dos gastos extras do mês de janeiro e mantém foliões longe das compras.

Destoando das ruas estranhamente silenciosas nas proximidades do Mercado de São José, o movimento dentro da Casas Lapa – uma das mais antigas e procuradas quando se trata de adereços de Carnaval – é intenso. “Mas isso aqui é só fluxo de clientes, que não mudou em comparação ao ano passado. Mas quando você vai para o caixa, conferir quem realmente está comprando, percebemos uma queda de 40%”, lamenta a subgerente da loja, Jeane Xavier.

A procura no local acaba seguindo a regra do que é visto em todo o comércio: consumidores buscando menos produtos e itens mais baratos. “Este ano o calendário fez com que essas compras de Carnaval ficassem na conta de janeiro. Como já pesam despesas mais importantes, como mensalidade de escola, pagamento das compras do fim do ano e alguns impostos, essa despesa extra vai ser cortada”, analisa o economista da Fecomércio-PE Rafael Ramos.

Mas não foi só o comprador que tomou uma postura mais conservadora na hora de programar os gastos para o Carnaval. Diante do pior fim de ano para o comércio desde 2003, poucos lojistas se atreveram a investir em novidades ou produtos mais diferenciados. “A gente se segurou muito na hora de comprar, reduzimos cerca de 30% nossas encomendas. Mesmo assim investimos mais na chita, por exemplo, que é tecido que também tem bastante saída no São João. Então, se sobrar, podemos vender mais tarde”, explica a gerente da Maia Tecidos, Albina Ramos.

Se não há movimento de compradores e as lojas não investiram, contratações de profissionais temporários para reforçar a equipe de vendas nem passou pela cabeça dos comerciantes. “Não houve contratações porque não está havendo vendas. É uma retração geral. Sabemos que o saldo vai apresentar uma queda”, afirma o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas do Recife (CDL-Recife), Eduardo Catão.

Lamentos do comércio à parte, do lado de quem compra também há reclamações. Como vários produtos vendidos nesta época são confeccionados com materiais importados, a alta do dólar elevou os preços de vários itens. “Senti que muitas coisas aumentaram de preços, até adereços simples, itens que comprei no ano passado bem mais em conta. Este ano vou improvisar”, confirma a estudante Bruna Azevedo, 22.

Como resultado da frustração de todos os lados, a impressão de quem passa pelas ruas do Centro do Recife é de que ainda falta muito tempo para um dos momentos mais esperados do ano pelos foliões e comerciantes. Poucos produtos, pouca gente e até pouca oferta de brilho e cor, se comparado com anos animados no comércio central. “Mas sempre temos a esperança de que, de última hora, as coisas melhorem um pouco. Quem sabe?”, espera a sub-gerente, Jeane Xavier.

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