TRANSPORTES

Taxistas e motoristas da Uber se envolvem em nova confusão

Ao todo, seis pessoas foram ouvidas na Central de Plantões da Capital no bairro de Campo Grande, Zona Norte do Recife, e liberadas depois

Do JC Online
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Publicado em 23/04/2016 às 9:34
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Ao todo, seis pessoas foram ouvidas na Central de Plantões da Capital no bairro de Campo Grande, Zona Norte do Recife, e liberadas depois - FOTO: Foto: Ísis Lima/Rádio Jornal
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Atualizada às 17h30

Seis pessoas, entre taxistas, passageiros e motoristas da Uber, se envolveram em uma confusão no Bairro do Recife, na madrugada deste sábado (23). Um usuário do aplicativo Uber, que preferiu não se identificar, conta que acionou o serviço, juntamente com um primo e a esposa do primo, nas proximidades dos Armazéns do Porto. "Quando o carro estava chegando, o condutor percebeu que alguns taxistas iriam fechá-lo e ele decidiu ir embora", conta. O passageiro diz que, na sequência, solicitou um outro veículo no Uber, mas, desta vez, de um outro ponto próximo ao Marco Zero, na Rua Marques de Olinda, para evitar confusão. Mas não teve jeito. Segundo o usuário, taxistas abordaram o motorista do app e teve início a briga.

A versão do presidente da Associação dos Profissionais de Táxi do Recife, Sandro Cavalcanti, é outra. De acordo com ele, foi o motorista da Uber quem agrediu o taxista. A sequência de confusões no Recife demonstra que é urgente debater a questão da carona remunerada na cidade. As ocorrências de tumulto entre taxistas e motoristas da Uber têm sido constantes, sobretudo nos fins de semana. 

O passageiro da Uber relata ainda que a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU) foi acionada, mas não chegou ao local. Apenas estiveram presentes duas viaturas do Grupo de Apoio Tático Itinerante (GATI), que conduziram os envolvidos para a delegacia. O grupo foi ouvido na Central de Plantões da Capital, no bairro de Campo Grande, Zona Norte do Recife, e liberado. 

Segundo um motorista da Uber, que preferiu não se identificar e que estava presente na ocorrecência desta madrugada, o condutor do app que foi abordado por um grupo de taxistas ligou para outros motoristas da Uber pedindo ajuda. "Assim que cheguei próximo, já estava sendo perseguido por um taxista, que parou e ficou olhando para onde eu iria". Ele também disse que, quando chegou ao local, na Marques de Olinda, o tumulto já estava acontecendo. "Os taxistas estavam hostilizando os passagerios e motoristas, um de nossos companheiros foi ameaçado", afirmou.

No vídeo abaixo, gravado pelo motorista do Uber, um taxista agride os passageiros. Assista:

Esse mesmo motorista da Uber que prefere não ter seu nome divulgado conta que, antes da confusão na Marques de Olinda, um outro tumulto aconteceu, por volta das 2h, na Rua Madre de Deus, desta vez com a CTTU tendo rebocado dois carros Uber. Motoristas do app denunciam que taxistas têm atuado em conluio com agentes da CTTU. Segundo a denúncia, quando os taxistas abordam motoristas Uber, a CTTU muitas vezes já está presente para apreender os carros. A multa aplicada é de R$ 4.322,00.

Procurada, a CTTU, em nota, afirma que "mantém constante fiscalização contra o transporte remunerado irregular de passageiros, seja através de táxis de outros municípios operando na capital, vans de transporte escolar irregulares ou até de carros particulares atuando como táxis".

A CTTU enfatiza ainda a Lei Federal 12.468/2011, que determina, em seu artigo 2º, que “É atividade exclusiva dos profissionais taxistas a utilização de veículo automotor, próprio ou de terceiros, para o transporte público individual remunerado de passageiros, cuja capacidade será de, no máximo, 7 (sete) passageiros". A companhia também informa que "suas ações são independentes e atendem, exclusivamente, às necessidades do tráfego na cidade",  lembrando que não é o órgão a ser acionado por episódios de violência. 

A Uber foi procurada pela reportagem do JC e informou que "considera inaceitável o uso de violência. Todo cidadão tem o direito de escolher como quer se mover pela cidade, assim como o direito de trabalhar honestamente." A empresa foi questionada sobre assistência a passageiros e motoristas, mas não respondeu a esta pergunta.

DEBATE 

Sandro Cavalcanti, presidente da associação, argumenta que o problema em questão não são os apps de transporte, mas, sim, o Uber opor-se a ser regulamentado. "É bom quando os aplicativos chegam respeitando a legislação municipal, senão coloca em jogo o serviço de táxi, prejudicando toda uma categoria", acrescenta. "A Uber não quer passar pelo controle do poder público. A 99 taxis e a Easy Taxi trabalham com serviço autorizado. É isso que a categoria reivindica", argumenta.

Enquanto isso, os motoristas da Uber articulam-se em grupo, comunicando-se para receberam chamados e fazerem número em pontos onde há confusão. "Nosso objetivo é fazer número para evitar violência. Se não mostramos que estamos em número, os taxistas nos perseguem e depredar nossos carros", denuncia um motorista da Uber. "Por que também não punem os taxistas que fecham as vias?", questiona.

Já o passageiro do caso desta madrugada na Marques de Olinda pondera que “as pessoas têm direito de ir e vir como quiserem". Na noite de sexta, ela optou por não sair de carro já que iria beber. Pagou R$ 11 na corrida com o Uber, pagaria R$ 25 na corrida de táxi. Optou pelo mais barato e pelo serviço que ele considera mais eficiente e de melhor tratamento junto ao usuário. "Dia desses, um taxista me recusou uma corrida porque o destino era muito próximo, a corrida daria muito barata", reforça.

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