O anúncio feito pelo governador Paulo Câmara de que as passagens de ônibus no Grande Recife não sofrerão reajuste em 2020, e de que a discussão este ano girará em torno de melhorias no sistema, agradou os usuários do transporte público. Para quem usa os coletivos, a principal reclamação é a demora dos ônibus. Nesta semana, o aplicativo de mobilidade urbana Moovit publicou uma pesquisa que aponta que o Recife é o líder no ranking de espera por ônibus e metrô no Brasil, com uma média de 24,88 minutos. Entre as 99 cidades de diversos países do mundo, a capital pernambucana só ficou atrás da cidade mexicana de Aguascalientes, onde o tempo de espera é de 25,62 minutos.
Como sugestões para a melhoria do transporte público no Grande Recife, os passageiros pedem, além da diminuição do intervalo entre os coletivos, mais ônibus nas linhas, passagens mais baratas e unificadas, sem a distinção de preço entre os anéis A, B e G e ar-condicionado. "Tem que baixar esta passagem. Quem paga Anel B sofre porque é muito alto o valor. Tem que unificar o preço. Eu também queria que os ônibus viessem na hora, que passassem mais, porque quem pega à noite acaba sofrendo com a demora, ficando na rua até tarde", relata a comerciante Azimar Costa, de 62 anos.
Para a doméstica Kátia Pereira, de 49 anos, o principal problema é a demora do transporte. "Deveria ter mais ônibus. A passagem cara e a gente anda em um aperto enorme. Parece lata de sardinha. Eu pego ônibus para Macaxeira e Candeias e demora demais. Às vezes passo muito tempo na parada. Para mim não importa se quente ou com ar-condicionado, eu queria era não ter que esperar tanto", afirma. Para a cuidadora Luciene Silva, de 44 anos, a calor importa. "Além da demora dos ônibus, é muito calor dentro. Tem que ter ar-condicionado em todos", disse.
A estudante Vitória Pereira, de 18 anos, reclama da lotação e da falta de refrigeração. "Eu pego quatro ônibus e metrô por dia e só alguns tem ar-condicionado. Todos deveriam ter. Além disto, tem que ter mais ônibus, é muito lotado, é muita agonia. Eu acho que estas seriam as principais melhorias", comenta. O anúncio do governador Paulo Câmara veio depois da proposta feita pela Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco (Urbana-PE), para que houvesse um aumento de 14,13% nas passagens, levando o Anel A, que atualmente custa R$ 3,45, para R$ 3,90.
Nota enviada por Paulo Câmara
"O que vamos discutir este ano são as melhorias do sistema e não reajuste. Enquanto não tivermos avanços concretos no transporte público, não falaremos em aumento da tarifa", afirmou o governador Paulo Câmara em nota, enviada à imprensa na noite dessa quinta-feira (16), onde ele também confirmava que não haverá aumento. Com a decisão do gestor, as passagens permanecerão R$ 3,45, o Anel A; R$ 4,70, o Anel B e R$ 2,25 o Anel G.
Câmara também aproveitou a oportunidade para criticar os aumentos escalonados do metrô do Recife. "Não vamos agir como o Governo Federal, que fez vários reajustes na passagem do metrô e nenhuma contrapartida na melhoria do serviço", comentou. Em novembro, as passagens do metrô do Recife aumentaram de R$ 3,40 para R$ 3,70, no penúltimo aumento previsto para o sistema, que terá o bilhete custando R$ 4,00 até março de 2020.
Ranking com preço de passagens no Brasil
Em levantamento feito pelo JC, o Recife ocupa a penúltima colocação, entre as capitais brasileiras, no custo da passagem de ônibus, ficando atrás apenas de São Luiz (MA), onde a tarifa é de R$ 3,40. A primeira posição do ranking é ocupada por Porto Alegre (RS), onde o valor da passagem é R$ 4,70. Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG) vêm em seguida, com o bilhete custando R$ 4,50. Caso o reajuste proposto pela Urbana-PE tivesse ocorrido, o Recife subiria onze colocações na lista, ocupando a 15ª posição.
Aumento de passagem do metrô
O penúltimo aumento escalonado na passagem do metrô do Recife aconteceu no último domingo (5). Com a tarifa custando R$ 3,40 desde o dia 3 de novembro, os usuários têm que desembolsar R$ 3,70 para acessar as plataformas. O último reajuste ocorrerá no dia 7 de março deste ano, quando o bilhete terá o valor de R$ 4,00. Os sucessivos aumentos acontecem desde maio de 2019.
Em maio de 2019, a passagem, que custava R$ 1,60, passou para R$ 2,10. O segundo reajuste ocorreu em julho, e o valor foi para R$ 2,60. Em setembro, mais um aumento e o bilhete chegou a R$ 3. Já em novembro, chegou a R$ 3,40. No dia 5 de janeiro de 2020, o valor aumentou para R$3,70. O reajuste gradativo da tarifa foi autorizado pela juíza Maria Edna Fagundes Veloso, titular da 15ª Vara Federal Cível. Na época do anúncio do aumento, o então superintendente da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), Leonardo Villar Beltrão, alegou que a medida evitará a paralisação do sistema por falta de recursos financeiros.