polêmica

Celpe foi informada de fio desencapado quatro dias antes de morte de advogado

A informação foi divulgada na última segunda (17) pela Polícia Civil. Ainda ontem, a dona de casa Rosália Maria da Silva, que sofreu uma descarga elétrica minutos depois de Davi ser atingido, prestou depoimento ao delegado Guilherme Mesquita, responsável pelo caso

Wagner Sarmento
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Wagner Sarmento
Publicado em 18/06/2013 às 8:34
Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
A informação foi divulgada na última segunda (17) pela Polícia Civil. Ainda ontem, a dona de casa Rosália Maria da Silva, que sofreu uma descarga elétrica minutos depois de Davi ser atingido, prestou depoimento ao delegado Guilherme Mesquita, responsável pelo caso - FOTO: Foto: Bobby Fabisak/JC Imagem
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A Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) já sabia do fio desencapado na Avenida Visconde de Jequitinhonha, em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, pelo menos quatro dias antes da morte do advogado e músico Davi Lima Santiago Filho, 37 anos. A informação foi divulgada na última segunda (17) pela Polícia Civil. Ainda ontem, a dona de casa Rosália Maria da Silva, que sofreu uma descarga elétrica minutos depois de Davi ser atingido, prestou depoimento ao delegado Guilherme Mesquita, designado especialmente pelo secretário de Defesa Social, Wilson Damázio, para investigar o caso. A tragédia completa uma semana nesta terça-feira (18).

Mesquita disse que as investigações revelam que a empresa de energia já tinha conhecimento prévio sobre a fiação exposta e os riscos que o problema representava, mas mesmo assim não realizou os reparos necessários. Moradores relataram que o fio estava desencapado e caído há mais de 20 dias, prazo maior que o confirmado, até agora, pela polícia. “A gente tem certeza absoluta de que quatro dias antes da morte de Davi a Celpe já tinha sido notificada do problema. O conserto já tinha sido reivindicado. É uma informação que foi fruto das nossas diligências”, afirmou.

No sábado, o Jornal do Commercio publicou entrevista com a empregada doméstica Elisandra da Silva, que levou um choque no mesmo lugar exatos quatro dias antes da tragédia e avisou à Celpe. A reclamação foi cadastrada no protocolo de número 8034074808-2.

Em relação ao depoimento de Rosália, o delegado declarou que ela depôs acompanhada de um advogado, logo após ir ao médico, ainda pela manhã. “Ela contou que estava indo tomar o ônibus e estava escuro. Viu o tumulto, mas não se deu conta do que era e seguiu andando. O pessoal ainda gritou, mas ela achou que era porque alguém a estava seguindo. Em vez de parar, apressou o passo e sem querer esbarrou no fio, tomando o choque”, relatou o delegado, conforme o testemunho colhido. Rosália só soube da morte de Davi na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Imbiribeira, para onde ela foi levada. Amanhã, serão ouvidos funcionários do posto de gasolina situado em frente ao local do óbito.

COMPARAÇÃO - Levantamento realizado a pedido da reportagem mostrou que a Agência Reguladora de Serviços Públicos Delegados do Ceará (Arce) registrou três mortes em rede elétrica em 2011, nenhuma em 2012 e uma este ano. Em Pernambuco, que tem população semelhante, foram 31 mortes em um ano.

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