Avenida Nossa do Carmo, no Centro, por onde passa muito ônibus, está vazia. Foto: Alexandre Gondim/JC Imagem
A população do Grande Recife voltou a sofrer com a falta de ônibus no início da manhã desta sexta-feira (29). Das 4h às 8h, o cenário era de corredores exclusivos para coletivos vazios e terminais integrados fechados. Apenas por volta das 8h20 os primeiros coletivos começaram a circular, mas ainda de forma tímida. Não foram registrados tumultos na manifestação desta sexta-feira.
Leia Também
Esta foi a terceira vez em oito dias que motoristas, cobradores e fiscais cruzaram os braços para protestar contra o tímido aumento que tiveram no valor do tíquete-alimentação (passou de R$ 170 para R$ 180, quando a meta almejada pela categoria era de R$ 300). Nas vezes anteriores eles também protestaram contra o aumento salarial, que foi dado em 10% pela justiça, depois caiu para 6% e, enfim, voltou aos 10%.
Mais de um milhão de pessoas usam ônibus todos os dias no Grande Recife. Os primeiros coletivos começaram a chegar ao Terminal Integrado do Barro, na Zona Oeste do Recife, por volta das 8h20. O mesmo ocorreu no Terminal Integrado da Macaxeira, na Zona Norte da capital. Já no TI da Joana Bezerra, na área central do Recife, às 8h50 ainda não tinha coletivo. "Tive que esperar voltar. Espero conseguir chegar ao trabalho agora que o ônibus chegou", disse uma passageira no TI da Macaxeira, enquanto embarcada no coletivo que seguiria para o Barro.
Após a paralisação desta sexta, o movimento será normal no final de semana. Pelo menos é o que garante o presidente do sindicato dos rodoviários, Benilson Custódio. "Como foi aclamado por maioria na assembleia, vamos fiscalizar para que seja cumprido o que foi acordado". Uma nova assembleia acontecerá no dia 06 de setembro, no Parque 13 maio, para decidir quais os novos rumos da categoria.
Para tentar amenizar a situação, o metrô do Recife funciona com uma hora a mais nos horários de pico, somando 20 viagens a mais na Linha Centro e 20 viagens a mais na Linha Sul. O horário será estendido das 6h às 9h30 (normalmente, é até as 8h30) e das 17h às 21h (o horário normal é até as 20h).
O metrô está circulando com a mesma quantidade de composições. O intervalo entre os trens é de 5 minutos na Linha Centro e de 8 minutos na Linha Sul. De acordo com a assessoria de imprensa do Metrorec, o número de passageiros diminui durante a paralisação dos rodoviários, pois entre 55% e 60 % dos usuários do metrô chegam das integrações.
Pelas redes sociais a população voltou a reclamar da decisão dos rodoviários em paralisar as atividades. Na página do Jornal do Commercio no Facebook (facebook.com/jornaldocommercioPE) o internauta Carlos Eduardo não poupou a categoria. "Virou bagunça!!!! Quantas pessoas precisam sair de casa e acabam ficando presas numa parada por falta de ônibus. Quantas consultas perdidas entre outras coisas. Se quer prejudicar, faz isso com o patrão e não com a população que precisa do serviço", escreveu. Já Raimundo Dantas perdeu um compromisso por conta da paralisação. "Apenas me impediu de ir à junta militar para saber se iria ficar ou não. Tenso". Emerson Ponte acredita que um entendimento seria melhor para todos. "Acredito que a população é o lado que mais sofre. Junto-me a ela. Seria interessante que cada um daqueles que pleiteiam uma vaga seja na assembleia ou onde quer que seja, busque soluções de viabilidade para todos. Que o lugar almejado não funcione apenas como uma redoma, onde tantos se cobrem com o manto do egoísmo, há tantas décadas. O transtorno atual talvez nos sirva de lição.
Mas houve também que ficou do lado dos rodoviários, como Welber Oliveira. "É inteiramente aceitável e precisa essa reivindicação por parte dos motoristas e cobradores. No entanto, nesse jogo de vai e volta, nós que também somos trabalhadores e dependentes do transporte público somos atingidos diretamente. Algumas empresas não possuem patrões liberais e conscientes sobre o que impede seu empregado de não ir ao trabalho e acaba descontando seu dia no final do mês, e sejamos sensatos, um desconto por dia não trabalhado é um buraco enorme para quem depende disso."