Os cães abandonados desde o dia 16 de março por duas inquilinas de uma casa na Avenida Norte, na Encruzilhada, Zona Norte do Recife, continuam sob os cuidados do proprietário do imóvel, Gustavo Pereira, e do projeto Mascote de Rua. Os cerca de 120 animais tem sido alimentados com rações doadas por voluntários e ativistas.
No último dia 25, foi acordado, em audiência entre o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), a Secretaria-Executiva dos Direitos dos Animais (Seda), a Secretaria de Saúde do Recife e o Centro de Vigilância Animal (CVA), que todos os dias 10 animais seriam higienizados e medicados pelos órgãos da prefeitura. A situação deveria estar completamente resolvida num prazo de 90 dias, a contar do dia da reunião.
Segundo o ativista do projeto Mascote de Rua, Sidney Nicéas, pouco foi feito e, apenas cerca de 60 animais foram tratados e vacinados, quase um mês após o abandono. “Ainda não houve sequer uma contagem oficial dos cães. Alguns foram levados e voltaram sem nada ter sido feito”, acusou. “Somente nos últimos quatro dias, seis cães morreram, totalizando 12 perdas até o momento. Além disso, uma cadela deu cria, tornando a situação ainda mais emergencial”, falou Nicéas.
O administrador Sérgio Borba, representante do proprietário do imóvel, informou que os animais estão mais agressivos. “Eles brigam entre si e, todo dia, descobrimos um cão morto, atacado pelo grupo. Estão cada vez mais raivosos”, revelou Borba.
A veterinária Taciana da Silva, voluntária do projeto Adote um Vira-lata, explicou que os animais estão vivendo em situação de extremo estresse, devido às condições da casa. “Eles desenvolveram este comportamento por estarem confinados neste pequeno espaço, em número tão grande”, afirmou.
O gerente da Seda, Robson Melo, declarou que o órgão está cumprindo sua missão. “A Seda ficou responsável pela consulta clínica, vacinação e castração. Todos os dias, 10 ou 15 animais saem da residência transportados pelo CVA”, disse Melo. Ele informou, ainda, que a secretaria vai realizar uma nova feira de adoção, programada para acontecer em abril. “Data e local ainda estão sendo definidos, mas sabemos que acontecerá neste mês”, falou.
Robson Melo disse estar se mobilizando para convocar uma nova reunião entre os órgãos da prefeitura para definir os erros e acertos em relação ao caso. "Ainda esta semana, será marcada uma nova audiência para ver como podemos ajudar mais. As dificuldades que existirem a gente precisa solucionar, alguns órgãos estão fazendo a sua parte, outros não", falou. "Se há falhas de algum deles, a gente vai rever isso, mas a Seda está fazendo sua parte", defendeu o gerente.
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Durante a tarde de ontem, um grupo de funcionários do CVA esperou por horas a chegada de uma veterinária do órgão à casa de número 2473, na Avenida Norte. Eles informaram à reportagem que os procedimentos seriam realizados no local e que nenhum cão seria transportado de lá na ocasião.
DOAÇÕES
De acordo com a veterinária Taciana da Silva, devido à agressividade, os cães precisam ser medicados com calmantes. Drogas como vermífugo de amplo espectro, Pentabiótico Veterinário, Frontline, Topline, Fipolex, Moxidectina, Ivermectina, Selamectina, Acepran Gotas, Pet Calm (Animania) e Enrofloxacina foram receitados pela profissional. "As medicações são necessárias para cuidar dos animais com problemas de pele, carrapatos e outras doenças, além de acalmar os mais exaltados", disse. Materiais de limpeza também estão em falta no local.
Para contribuir com doações, voluntários podem entrar em contato pelo número: (81) 9905-0216. Os donativos devem ser entregues no lava-jato, localizado ao lado do imóvel.
