MEDULA ÓSSEA

Um ato de doação para salvar vidas

Embora Pernambuco já tenha 102.556 pessoas cadastradas, o governo quer aumentar em 10 vezes o número de doadores. Primeiro passo é atualizar os dados

Amanda Duarte
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Amanda Duarte
Publicado em 15/12/2015 às 9:17
Foto: Diego Nigro/ JC Imagem
Embora Pernambuco já tenha 102.556 pessoas cadastradas, o governo quer aumentar em 10 vezes o número de doadores. Primeiro passo é atualizar os dados - FOTO: Foto: Diego Nigro/ JC Imagem
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Pernambuco quer multiplicar por 10 o número de doadores de medula óssea. A meta foi traçada pelo governador Paulo Câmara ontem, durante a abertura da Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea. Em Pernambuco, 102.556 pessoas já são cadastradas. Além de aumentar os doadores, o foco da semana, que segue até o dia 21, é atualizar o cadastro dos já inscritos no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome).

"Nunca estamos preparados para um doença dessa na nossa família, por isso é melhor se preparar antes, crescer o cadastro para ter mais chances de cura", comenta Beto Albuquerque, autor do projeto de lei nº 11.930/2009, que instituiu a semana nacional. O projeto é conhecido como Lei Pietro, por ser uma homenagem ao filho do autor, Pietro Albuquerque, que faleceu após 13 meses de luta contra a leucemia mieloide aguda (LMA).

A leucemia, conhecida como o câncer do sangue, e uma doença que tem início na medula óssea, tecido mole dentro dos ossos. A doença afeta os glóbulos brancos, que são produzidos excessivamente. Com isso, há uma diminuição na criação de células sanguíneas normais, como as hemácias, responsáveis por transportar o oxigênio. O paciente, então, pode sofrer de anemia e fadiga, por exemplo. Entre os subtipos da doença, há os que são tratados apenas com transplante.

Para reforçar a busca por novos doadores, o prefeito do Recife, Geraldo Júlio, que também participou da abertura, colocou o Transforma Recife à disposição da campanha. A intenção é mobilizar os 60 mil voluntários e as 380 organizações não-governamentais cadastradas para enriquecer o banco.

O advogado Gabriel Massote sabe por experiência própria a necessidade do banco de doadores. Ele foi diagnosticado com leucemia linfóide aguda (LLA) em 2011, quando 97% das células sanguíneas já estavam comprometidas. Para encontrar um doador, foi preciso procurar no Redome, além dos bancos americano e alemão, os maiores do mundo. A doadora compatível foi achada em Rondônia. "Ela era a única no mundo compatível comigo", explica.

Mas a doação foi atrasada pela falta de atualização dos dados pessoais. "A notícia que o doador não foi localizado é frustrante, mas difícil até do que saber da própria doença", comenta o advogado. A doação só pôde ser feita após campanhas da Associação Amigos do Transplante de Medula Óssea (ATMO), conscientizando a necessidade da atualização cadastral.

Para a presidente da ATMO, Betânia Leal, tão importante quanto doar é manter os dados atualizados. No Hemope, cerca de 30% dos cadastrados não são localizados e, para evitar a situação, o órgão disponibiliza o e-mail [email protected] para que os já cadastrados solicitem a atualização dos dados.

PARA DOAR - Para ser um doador é preciso ter entre 18 e 55 anos e gozar de boa saúde. É proibida a doação para quem tem doença incapacitante ou infecciosa. O interessado deve procurar o Hemope (R. Joaquim Nabuco, 171 - Graças) e preencher uma ficha de dados pessoais e um termo de consentimento. Após isso, o Hemope coletará uma amostra de 3 a 5 ml de sangue para o exame de histocompatibilidade (HLA). Os dados seão colocados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Se doador for compatível com um paciente, há nova coleta de sangue para detectar o grau de compatibilidade. Depois de autorizado, o cadastrado por fazer a doação por via venosa (coleta de sangue) ou punção (com anestesia).

CASADINHA - Quem já é doador de sangue pode solicitar o cadastro no banco de medula óssea na próxima vez que for doar.

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