Fazer um levantamento dos imóveis no Centro do Recife que estão sem uso ou com uma dívida alta de IPTU é um dos caminhos sugeridos para facilitar a implantação de um abrigo noturno para moradores de rua na capital. A proposta será discutida com a prefeitura e os movimentos sociais que estão lutando pela criação do novo espaço. Outra estratégia é garantir um aumento dos recursos destinados à área social no orçamento de 2017. O objetivo é pressionar o poder público a ampliar o orçamento repassado ao Instituto de Assistência Social e Cidadania (Iasc), órgão que atende o público em situação de rua.
Atualmente, a entidade recebe, por ano, R$ 15,5 milhões. O tema foi discutido nesta terça-feira (21), durante audiência pública realizada na Câmara de Vereadores do Recife. Diante da justificativa da gestão municipal de que não há recursos para a implantação do abrigo noturno, a ideia é garantir um aumento das verbas que serão repassadas ao Iasc no próximo ano. “Queremos fazer pressão para que a área social seja reforçada na gestão municipal, de forma que possa viabilizar a criação do espaço”, explicou Igor Sacha, representante do Grupo Seja a Mudança, que participou da audiência.
O defensor público federal José Henrique Bezerra Fonseca explica que o orçamento municipal é fechado pelo Executivo até 30 de outubro e, depois, o Legislativo tem até o dia 30 de novembro para aprovar este orçamento. "Precisamos mobilizar as pessoas para que a gestão reforce a área social e crie os meios possíveis para que os serviços de atendimento, entre eles o abrigo noturno, possa ser ofertado."
Cerca de 900 pessoas vivem nas ruas do Recife. Desse universo, pelo menos 700 dormem nas calçadas e praças da cidade. A pressão para criação do abrigo surgiu depois que o Grupo Seja a Mudança, com apoio de outras entidades, espalhou manequins despidos no Bairro do Recife, cartão-postal da cidade, no dia 22 de maio deste ano. No início do mês, um segundo protesto foi feito, nos mesmos moldes, em frente ao prédio da Prefeitura do Recife.