O encontro do rio com as pessoas. E das pessoas com a cidade. Uma cidade que pedala, corre, navega, que redescobre um passado em que olhos e quintais eram voltados para o rio. Aquele que o poeta João Cabral de Melo Neto comparava a um “cão sem plumas”. A programação de hoje é vivenciar tudo isso em torno de uma árvore centenária. O encontro será no Jardim do Baobá, marco inicial do Parque Capibaribe, uma espécie de pedra fundamental do projeto que prevê 30 quilômetros de extensão ligando a Várzea, na Zona Oeste, à Boa Vista, no Centro, cortando, nesse percurso, 21 bairros do Recife.
Leia Também
O “Domingo no Baobá” acontece das 9h às 17h e funcionará como uma prévia do que a população vai encontrar no novo espaço, que está quase pronto. O acesso ao jardim é feito pelas Ruas Madre Loyola e Antônio Celso Uchoa Cavalcanti, por trás da Estação Ponte D’Uchoa, no bairro das Graças, na Zona Norte. No local, às margens do Rio Capibaribe, já estão instalados mesa comunitária, bancos, balanços e píer. A inauguração oficial só deve acontecer dentro de 60 dias, quando todos os equipamentos estiverem funcionando.
A criação do jardim só foi possível após uma pressão para que os imóveis daquela área recuassem os seus muros em relação à margem do rio. A recuperação do espaço, que abriga um dos maiores e mais velhos baobás do Recife, custou R$ 1 milhão, pago pelo Hospital Português como contrapartida de obras de impacto ambiental. O jardim virou um refúgio, frequentado por capivaras, saguis, lontras, entre outros animais. Hoje a ideia é aproveitar esse espaço com piqueniques, brincadeiras para crianças, atividades artísticas e de lazer, ioga, meditação, pilates, práticas esportivas.
“Queremos que a população comece a se apropriar do espaço, passe a frequentá-lo, é uma forma de dar vida ao Parque Capibaribe, que é um projeto de longo prazo”, afirma o secretário-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife, Romero Pereira. O Parque Capibaribe é fruto de um convênio entre a prefeitura e o Inciti, grupo de Pesquisa e Inovação para as Cidades, ligado à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
VIA PARQUE DAS GRAÇAS
A próxima etapa será a construção da Via Parque das Graças, no trecho entre as pontes da Capunga e da Torre. O projeto substitui o que seria a nova Avenida Beira-Rio,uma via de quatro faixas para automóveis. Em seu lugar, a promessa é de implantar jardins, praças, brinquedos, uma varanda e até uma passarela de acesso ao rio, no trecho onde há um imóvel tombado. Uma ciclovia e uma pista para pedestres também estão incluídas no projeto. A Beira-Rio deve ficar restrita a apenas duas faixas de rolamento, que funcionarão como Zona 30, igual à do Bairro do Recife.
Segundo a prefeitura, a licitação deverá ser aberta no início do próximo mês, com início da obra previsto para janeiro de 2017. A via terá quase um quilômetro. A obra está orçada em R$ 28 milhões e a expectativa de conclusão é só em janeiro de 2018. Como a prefeitura já havia garantido R$ 56 milhões para realizar a intervenção da Avenida Beira-Rio, a ideia é que o restante do dinheiro seja utilizado em outras etapas do Parque Capibaribe. Já existe projeto executivo pronto para o trecho que vai do Jardim do Baobá até o Parque de Santana, na Zona Norte do Recife.