As emissões mundiais de gases que provocam o efeito estufa devem registrar aumento em 2017, após três anos de certa estabilidade, revela um estudo apresentado nesta segunda-feira (13) e que demonstra a importância da 23ª Conferência do Clima da ONU (COP23), que acontece na Alemanha.
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As emissões de CO2 ligadas à indústria e à combustão de energias fósseis devem aumentar 2% este ano na comparação com 2016 (entre 0,8% e 2,9%) e alcançar o recorde de 36,8 bilhões de toneladas, depois de uma estabilidade entre 2014 e 2016, destaca o Global Carbon Project em seu 12º balanço anual, realizado por cientistas de todo mundo.
"O mundo não atingiu o 'pico' de emissões", apontam os autores do estudo, publicado nas revistas Nature Climate Change, Environmental Research Letters e Earth System Science Data.
"Isto mostra que é necessário atuar com mais resolução. Temos que esquecer qualquer autocomplacência", completam.
"É uma grande decepção", afirmou uma das autoras, Corinne Le Quéré, da Universidade East Anglia (Grã-Bretanha).
"Com a estimativa de 41 bilhões de toneladas de CO2 emitidas em 2017 (acrescentando o desmatamento), pode faltar tempo para manter a temperatura abaixo dos 2 graus Celsius, e menos ainda de 1,5 ºC", meta estabelecida pelo Acordo de Paris, aprovado no fim de 2015, contra o aquecimento global.
Para alcançar o objetivo, "seria necessário que as emissões alcançassem o pico nos próximos anos e diminuíssem rapidamente em seguida", destacou.
Responsável por 28% das emissões de gases causadores do efeito estufa e que permitiu melhorar a situação nos últimos anos com a redução do uso de carvão, a China está, em grande medida, por trás do problema em 2017, segundo os cientistas. A causa: um boom da produção industrial e uma produção hidrelétrica menor por culpa de episódios de seca.
As emissões também devem registrar queda nos Estados Unidos, mas em ritmo menor (-0,4%, contra -1,2% de média anual anteriormente). Esta será a primeira vez em cinco anos que o consumo de carvão deve subir (+0,5%), uma consequência da escassez de gás natural.
Na Índia, as emissões avançam um pouco menos (+2%), mas isso deve ser temporário, alertam os cientista. Já na UE, as emissões registram uma queda mais lenta do que na década anterior (-0,2%).
Emissores
Os dez principais emissores são, pela ordem, China, Estados Unidos, Índia, Rússia, Japão, Alemanha, Irã, Arábia Saudita, Coreia do Sul e Canadá. Se considerada em seu conjunto, a UE ocupa a 3ª posição.
"Vários fatores mostram uma tendência de alta das emissões mundiais em 2018", destaca Robert Jackson, da Universidade de Stanford.
Os cientistas consideram, no entanto, que é pouco provável que estas retornem às elevadas taxas de crescimento do início dos anos 2000 (mais de 3% anual), mas calculam índices levemente positivos, ou até uma certa estabilidade, dentro dos compromissos nacionais anunciados pelos diferentes países em Paris.
Desta maneira, no período 2007-2016, as emissões registraram queda em 22 países, apesar do crescimento econômico. No entanto, cresceram em 101 países.
As energias renováveis se desenvolvem de maneira destacada (+14% ao ano nos últimos cinco anos), mas ainda serão necessários "alguns anos para que tenham um impacto significativo nas emissões mundiais de CO2".
Reunida na COP23 em Bonn até sexta-feira, a comunidade internacional tenta chegar a um acordo sobre como aplicar o Acordo de Paris, principalmente para reforçar os compromissos nacionais.
Em Bonn, as partes signatárias do histórico Acordo de Paris (com exceção dos Estados Unidos, país que abandonou o texto) devem começar a concretizar a "regulamentação" do pacto complexo, assim como iniciar um "diálogo" de um ano para preparar a revisão dos compromissos climáticos nacionais, apresentados por cada país.