Violência

Amadorismo de assaltantes que investiram contra banco de Buenos Aires chama atenção

Grupo fugiu na direção da polícia por não conhecer a região, usou carro sem potência e um ainda pediu carona à PM

JC Online
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Publicado em 12/07/2016 às 7:00
Foto: Guga Matos/JC Imagem
Grupo fugiu na direção da polícia por não conhecer a região, usou carro sem potência e um ainda pediu carona à PM - FOTO: Foto: Guga Matos/JC Imagem
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A violência dos corpos com várias perfurações espalhados na PE-059 foi pertubadora e o medo propagado entre os moradores da região assustador. Mas o que mais chamou atenção na investida à agência do Banco do Brasil de Buenos Aires, município da Mata Norte de Pernambuco, na madrugada de ontem, foi o amadorismo do grupo de assaltantes, praticamente exterminado durante confronto com a Polícia Militar – dez homens participaram do assalto, seis fugiram juntos e, desses, quatro acabaram mortos com vários tiros. Os ladrões visitaram a cidade pelo menos três vezes usando o mesmo veículo – um táxi com placa do Recife –, portavam apenas revólveres calibre 38 e, por não conhecer a região, fugiram na direção da polícia, sendo pegos de surpresa. Embora a reação da PM tenha sido rápida e eficiente, o amadorismo do grupo reforça o questionamento: as investidas contra bancos no interior estão tão fáceis que qualquer um se atreve? Afinal, apenas nos seis primeiros meses do ano foram contabilizados 73 casos de roubos e furtos no Estado. E somente nos 11 primeiros dias de julho já são mais cinco.

O grupo, na verdade, deu muito azar. Desacostumados com a eficiência do monitoramento das agências bancárias do interior, os assaltantes não perceberam que estavam sendo acompanhados, em tempo real, pela segurança privada do Banco do Brasil na cidade, que acionou os policiais do 2º BPM, em Nazaré da Mata, distante 14 quilômetros. Resultado: em 20 minutos, 18 policiais fortemente armados chegaram à cidade. A maior das falhas dos ladrões, segundo análise dos próprios policiais envolvidos na operação, foi o fato de usarem um táxi para sondar a cidade por três vezes. A primeira ida foi há aproximadamente três meses, segundo apurou os militares do serviço reservado da PM. A segunda visita aconteceu na quinta-feira da semana passada e, a mais recente, no último domingo, quando circularam por Buenos Aires por várias horas. Chegaram a passar a tarde bebendo num bar da cidade, localizado na Rua da Palha.





Além disso, a fuga foi atropelada. Seis dos ladrões tentaram escapar juntos, no táxi, um veículo Siena, de motor 1.4, ou seja, de baixa potência para uma fuga. “Outro erro grande do grupo, sem dúvida, foi ter fugido na direção da BR-408. Eles terminaram vindo na nossa direção. Foi uma surpresa para eles. É tanto que já foram descendo do carro e atirando na nossa direção. Percebe-se que não conheciam a região. Se tivessem pego à direita, na PE-059, indo na direção de Vicência, poderia ter sido mais fácil”, afirmou o comandante do 2º BPM, tenente-coronel Rômulo Lamenha. A PM, entretanto, estava atenta porque os assaltos a banco têm sido o grande desafio do policiamento no interior. O grupo é do Ibura, no Recife, e pelo menos três eram ex-presidiários. Para completar a imagem de inexperiência do grupo, o sexto integrante que tentou fugir no Siena foi capturado no fim da manhã tentando pegar carona às margens da PE-059, quase em frente à entrada de Buenos Aires. Sujo e com um dos pés descalços, não percebeu a viatura descaracterizada da polícia e pediu carona. Tentou negar o envolvimento, mas o par do tênis perdido estava com os policiais.

A investida contra o Banco do Brasil aconteceu por volta das 2h. Segundo informações a partir da perícia técnica e do monitoramento da agência, pelo menos dois dos ladrões entraram no banco pelos fundos, escalando uma parede de quase três metros. Em seguida, destelharam o teto e entraram na agência. Roubaram apenas um dos dois cofres, usando um maçarico. A quantia roubada – estimada em R$ 10 mil – foi totalmente recuperada pelos PMs. Além dos seis homens que estavam no Siena, outros quatro estariam em duas motos flagradas pelas câmeras do banco. E dos seis que fugiram, dois terminaram presos.

Os mortos foram identificados como Rodrigo de Moraes Iglesias, 26 anos (taxista e ex-presidiário), José Manoel dos Santos, 25 (gari e também ex-presidiário, que morreu no Hospital da Restauração), Matheus e Peter. Os presos foram Iuri de Oliveira da Silva, 18 (detido na troca de tiros), e Emerson Gomes da Silva (ex-presidiário que fugiu e foi preso horas depois).

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