Julgamento

"Ele disse que eu era a culpada", diz mãe que teve filhos assassinados por ex-companheiro

Ocorre nesta sexta o julgamento do gari acusado de matar os dois enteados em 2014

Da editoria de Cidades
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Publicado em 30/09/2016 às 14:05
André Nery/JC Imagem
Ocorre nesta sexta o julgamento do gari acusado de matar os dois enteados em 2014 - FOTO: André Nery/JC Imagem
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Ocorre nesta sexta-feira (30), no Fórum Fórum Thomaz de Aquino, Centro do Recife, o julgamento do gari acusado de assassinar os dois enteados na véspera de natal de 2014. Na ocasião, Robson Fernandes dos Santos, 48, esfaqueou Marcos Antônio da Silva, de 6 anos, e Maria Eduarda da Silva, de 7, com 25 golpes de peixeira cada. O crime ocorreu na Vila Tamandaré, no bairro de Areias, Zona Oeste do Recife, onde o acusado morava com a mãe das crianças.

A defesa de Robson alegou que o acusado sofreria de problemas mentais e que ele não estaria consciente do crime ao cometê-lo, o que foi constatado em um primeiro laudo psicológico mas, logo após, contestado por outro. Promotora de Justiça responsável pelo caso, Rosemary Souto Maior de Almeida contestou a tese da defesa explicando que o primeiro laudo não havia sido completado, motivo pelo qual o perito nem chegou a depor. “Contestei o laudo, com novas perguntas e indagações. No novo exame, muito mais fundamentado, ficou contestado que ele tinha plena consciência. Nos depoimentos ele reconhece o crime que fez, mas põe a culpa na mulher, como se fosse uma vítima”, explicou a promotora.

Mãe das duas crianças assassinadas, Edilane Lima Ferreira, 24, explicou que morou com o acusado por quase sete meses, antes dele praticar o crime. Segundo ela, ele sempre foi carinhoso com os enteados e nunca havia a agredido fisicamente. Apesar disso, ele sempre foi ciumento, motivo pelo qual ela já havia pedido que ele saísse de casa. “Quando recebi a notícia de que meus filhos tinham sido assassinados nem acreditei que tinha sido ele, porque ele nunca tinha feito nada com eles. Depois do crime, ele me ligou algumas vezes dizendo que eu era a culpada e que eu ia sofrer pelo resto da vida por causa disso”, disse, emocionada, Edilane.

De acordo com a Contituição Brasileira, todo cidadão tem direito a defesa, mesmo que não tenha condições financeiras para custeá-la. Neste caso, foi designado um defensor público para o caso de Robson, mas ao se pôr a par do crime, o defensor se retirou do caso, fazendo com que a Justiça nomeasse o advogado Flávio Santana para a defesa. “Ele é réu confesso, mas nossa estratégia é fazer com que não seja aplicada a pena de reclusão normal a Robson, já que acreditamos que ele tem problemas mentais. Queremos que ele seja encaminhado ao Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, em Itamaracá, até que não ofereça risco à sociedade”, disse o advogado Flávio.

RITO

Durante a manhã, foram ouvidos cerca de 1h30 de mídias, com depoimentos prestados durante as audiências de custódia. Além disso, houve o interrogatório, em que o acusado utilizou do direito de permanecer calado. Após as perguntas, a promotora e defesa apresentaram seus casos, seguidos pela votação, que deve ocorrer durante a tarde desta sexta. 

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