DENÚNCIA

Mãe é suspeita de manter filha em cárcere privado no Recife

A criança não tinha acesso à educação ou qualquer tipo de contato com a vizinhança, sempre em total confinamento

JC Online
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Publicado em 05/02/2019 às 12:47
Foto: Conselho Tutelar/Thalles Pitter
A criança não tinha acesso à educação ou qualquer tipo de contato com a vizinhança, sempre em total confinamento - FOTO: Foto: Conselho Tutelar/Thalles Pitter
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O Departamento de Polícia da Criança e do Adolescente (DPCA) recebeu uma denúncia, nesta terça-feira (5), de um suposto cárcere privado em que a vítima seria uma criança de 11 anos, trancada em casa, no bairro de Santo Amaro, área Central do Recife. De acordo com o conselheiro tutelar Thalles Pitter, a mãe da garota deixava a filha em total confinamento, sem acesso à educação ou qualquer contato com a vizinhança.

Várias denúncias chegaram ao Conselho Tutelar do bairro, que acompanhava a família desde 2016. “A mãe tem problemas psicológicos e precisa de ajuda, assim como a criança, que foi submetida a essa situação”, lamenta Thalles.

Ainda segundo ele, na última sexta-feira (1º), foi até a casa para averiguar se as informações prestadas nas denúncias coincidiam com a situação. Na residência, coberta por panos que impediam a passagem de qualquer raio solar ou de olhares dos vizinhos, estavam a mãe e a criança. “Pedi à mulher para entrar no local, e ver se havia algum indício de insalubridade e constatar a situação em que a criança vivia, mas ela negou. Apenas trouxe a criança até uma brecha da porta, onde vi que ela estava muito branca, por não ter contato com o sol e maltratada”, relata o conselheiro.

Ao presenciar a situação, a Polícia Militar foi acionada e, após três horas para chegar no local, disse não poder fazer nada, pois “não havia consistência” na denúncia feita pelo conselho.

Na segunda-feira (4), o pai da criança, que é separado da mulher, conseguiu entrar na casa e tirar a menina do local. Por ter a guarda da filha, o homem fez a denúncia na DPCA, nesta terça-feira, denunciando a situação em que a criança vivia.

A menina, retraída e de pouca fala, segundo comentou o conselheiro, prestou depoimento à equipe técnica, que registrou o relato.

Histórico de transtornos

A família recebia acompanhamento do Conselho Tutelar desde 2016. Neste ano, a suspeita de cometer o crime de cárcere privado recebia cuidados no Centro de Atenção Psicossocial (Caps). “Em 2017 o avô da garota decidiu levá-las para Alagoas, onde ele mora. Como de praxe, encaminhamos o acompanhamento para o Conselho Tutelar do bairro onde iriam residir”, conta Pitter.

Foi perdido o controle da situação quando a mãe e a garota retornaram ao Recife e os órgãos daqui não foram avisados pelos do outro Estado. “Elas voltaram em 2018, mas só ficamos sabendo semana passada, quando começaram a chegar as denúncias”, esclareceu.

O caso também será registrado no Ministério Público. “A criança diz que quer ficar com o pai. Levaremos a denúncia ao MPPE que tomará as decisões cabíveis a esse tipo de caso”, pontua Thalles.

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