O suspeito de jogar o carro contra árvore e matar a ex-mulher no dia 4 de novembro de 2018, na Rua João Fernandes Vieira, no bairro da Boa Vista, área central do Recife, teve a prisão preventiva revogada nesta sexta-feira (17) após decisão da Primeira Vara do Tribunal do Júri Capital, proferida pelo juiz Ernesto Cavalcante. Guilherme José de Lira Santos estava preso no Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, Região Metropolitana do Recife (RMR), desde o dia 17 de novembro.
Segundo a decisão, Guilherme terá que comparecer mensalmente ao juízo para assinar o termo de compromisso e informar suas atividades. O suspeito também está proibido, conforme a decisão, de se ausentar da Região Metropolitana do Recife por mais de 15 dias sem antes obter autorização e informar para onde vai.
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Em um trecho da decisão, o juiz responsável pela revogação da prisão preventiva de Guilherme diz que levou em consideração alguns fatos, como o fato de o suspeito ser réu primário e possuir emprego fixo. "... Analisando os fundamentos utilizados para justificativa a medida, expostos pelo Juízo que inicialmente recebeu este processo, confrontando-os com a argumentação apresentada pela defesa, quais sejam, a primariedade do acusado, o fato de possuir emprego e residência fixos, e de não ser indivíduo que represente perigo para a paz social caso posto em liberdade; somando-se a tudo isso, o quase encerramento da instrução processual, a medida cautelar da prisão preventiva perdeu correspondência com o fundamento legal utilizado para sua justificação", argumenta.
Família não concorda com soltura
Amigos e familiares de Patrícia Cristina Araújo Wanderley lamentaram a decisão. "Foi um choque e uma surpresa enorme. Nós não esperávamos isso porque o mesmo juiz já havia apreciado o relatório do Ministério Público e tinha dito que a prisão estava completamente correta. E hoje ele decide conceder a liberdade", declarou o tio de Patrícia e porta-voz da família, Marcílio Araújo. Segundo ele, a família pretende realizar um protesto contra a decisão.
"Diante da crueldade do crime, de como aconteceu, nós recebemos a notícia com tristeza e medo. A gente não pode esquecer o que aconteceu com Patrícia", disse Andrea Rodrigues, amiga de longa data da vítima. "Esse homem está livre e nem com tornozeleira ele está. Enquanto testemunha eu me sinto insegura", afirmou.
Promotoria vai recorrer da decisão
A promotora do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) responsável pelo caso, Ana Clézia, informou para a reportagem do JC que vai recorrer para o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) contra a decisão da Primeira Vara. "Eu respeito a decisão do magistrado, mas esse tipo de crime, as medidas cautelares que foram aplicadas, eu acho que não são adequadas para a condição desse processo porque as provas e as circunstâncias do crime recomendam um resguardo da ordem pública", declarou. "Diante dessa gravidade do crime, da premeditação, do modus operandi, há a necessidade da prisão", completou.
Veja quais foram as medidas cautelares
a) Comparecimento mensal a este juízo para assinatura do termo de compromisso e informar suas atividades, comparecendo em até 24 horas após sua soltura a esta Vara para assinar o termo de compromisso e declinar endereço atual, onde receberá demais intimação;
b) Proibição de se ausentar desta região Metropolitana do Recife, por mais de 15 dias, sem antes obter autorização deste Juízo e informar seu destino;
c) O comparecimento a todos os atos processuais que for intimado.
*dados divulgados pelo TJPE
Relembre o crime
Patrícia Cristina Araújo Wanderley, de 46 anos, morreu após o carro em que estava com o ex-marido colidir contra uma árvore na Rua João Fernandes Vieira, no bairro da Boa Vista, área central do Recife, no dia 4 de novembro de 2018. O condutor do veículo era o ex-marido da vítima, Guilherme José de Lira Santos.
O homem foi preso sob a suspeita de ter jogado o carro intencionalmente contra a árvore, ocasionando assim, a morte da vítima. No dia 17 de novembro, ele foi preso e passou a responder por feminicídio.
Segundo a Polícia Civil, a vítima estava na casa dos pais para buscar os filhos do casal quando, após ser pressionada pelos filhos, decidiu conversar com o ex-marido. Ao entrar no carro, Guilherme saiu com o veículo. A vítima estava sem cinto de segurança no momento da colisão.