As atividades da intervenção federal no Rio de Janeiro continuam até o dia 31 de dezembro, como previsto no decreto presidencial que estabeleceu a medida. Segundo o interventor, general Walter Braga Netto, nesses três dias que faltam para o fim dos trabalhos, será finalizada a transição para as forças estaduais.
“Nós vamos continuar as operações, fazendo uma passagem gradativa para as forças de segurança, que já está sendo feito. Isso vem no planejamento desde agosto. A gente paulatinamente foi retirando as tropas da rua. As operações que eram feitas eram para dar um suporte para as forças de segurança para que ela pudesse ser treinada, receber instrução, receber material. À medida que eles foram recebendo, nós fomos saindo”.
Braga Netto participou hoje (28) da cerimônia de encerramento das atividades da intervenção federal do Comando Conjunto, no Campo de Parada General Zenóbio da Costa, na Vila Militar, zona oeste do Rio de Janeiro. Ontem (27), foi realizada uma cerimônia para civis.
Segundo Braga Netto, a grave situação da segurança pública encontrada pelas forças armadas, em julho do ano passado, quando começaram as ações de Garantia da Lei e da Ordem no estado, foi revertida. Ele ressaltou que trabalhou com a indicação por mérito e que esse deveria ser o critério adotado sempre. “Nós adotamos o mesmo critério que usamos nas forças armadas, se tem mérito é promovido, se não tem não é. Indicação política para comandante de batalhão, delegado de polícia, colocar o amigo, o primo, não funciona. Mas isso agora é uma decisão do novo governador”.
Integração e regularidade
Braga Netto destacou que a integração entre as corporações foi o ponto mais importante do trabalho realizado e disse que já conseguiu empregar 90% dos recursos de R$ 1,2 bilhão destinados pelo governo federal para a intervenção na segurança pública do estado. “O tempo era curto para nós treinarmos e executarmos todo o dinheiro. Tenho hoje, amanhã e segunda-feira para gastar o dinheiro. Eu vou bater hoje 90% do recurso”, disse ele.
Para o ex-secretário de Segurança Pública, general Richard Nunes, que foi exonerado hoje do cargo, a contribuição mais importante da intervenção foi o reestabelecimento da regularidade de recursos, particularmente o de recursos humanos.
“Nós empreendemos uma série de ações estruturantes para recuperar o efetivo das polícias e encaminhar soluções que vão vir no futuro. Os mil policiais que foram chamados do concurso de 2014, que estava travado, eles só vão estar prontos no ano que vem. Nós semeamos para o futuro. Nós convocamos policiais que estavam cedidos a outros órgãos de maneira indevida. Nós fizemos todo um trabalho de reavaliação médica, para incorporar mais efetivo. Nós rearticulamos as unidades de Polícia Pacificadora, isso economizou efetivo”.
Quanto aos recursos financeiros, Nunes destacou o Fundo Estadual de Investimentos e Ações de Segurança Pública e Desenvolvimento Social (Fised), sancionado pelo governo em maio. Segundo ele, todas as informações foram repassadas para a equipe de transição para o novo governo.
“Está tudo pronto, entregamos o plano, a equipe de transição foi recebida por nós a todo momento, prestamos todos os esclarecimentos, com absoluta transparência e total cooperação. Então eu saio com a consciência tranquila, eu e minha equipe, que nós passamos todas as informações e passamos todos os planos. Agora, fica a cargo de quem vai nos suceder”.
Balanço
No balanço da intervenção, o Comando Conjunto informou que foram feitas 20 operações por mês, com mais de 230 no total, foram retirados 1.200 obstáculos, 160 mil quilômetros percorridos, diversos presos e 242 armas apreendidas, com o uso de 18 mil integrantes do comando conjunto no total.
No discurso, Braga Netto destacou que as operações Furacão beneficiaram 8,8 milhões de pessoas e prestou homenagem aos cinco soldados que “tombaram na missão”. “Que suas passagens não tenham sido em vão”, disse ele.