SAÚDE

Médicos priorizam tratamento de edemas de jovem com superobesidade

Grande parte do volume da coxa de Carlinhos é de acúmulo de líquidos

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 14/07/2015 às 6:00
Fernando da Hora/JC Imagem
Grande parte do volume da coxa de Carlinhos é de acúmulo de líquidos - FOTO: Fernando da Hora/JC Imagem
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A condição que mais tem chamado a atenção da equipe médica que cuida do paraibano Carlos Antônio dos Santos Freitas, 28 anos, é a desnutrição proteica – um quadro comum em pacientes de baixa renda com superobesidade e habituados a seguir um cardápio rico em carboidratos e açúcares. Esse nível de proteína baixo de Carlinhos, como é conhecido o rapaz, leva a outro problema que requer cuidados especiais: os edemas nas pernas.

“Aparentemente, grande parte do volume da coxa dele é de acúmulo de líquido. Pode ser que, a partir do momento em que for restaurado o nível proteico do organismo, o edema diminua”, diz o chefe do Serviço de Cirurgia-Geral do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Álvaro Ferraz.

Diante desse quadro, o médico não descarta a possibilidade de Carlinhos ter filariose, doença cuja manifestação clínica principal são edemas nos membros. “Da cintura para baixo, especialmente na coxa, ele apresenta um volume bem grande de edema. Ao tratarmos essa condição com aumento da ingesta de proteínas, talvez ele elimine 100 quilos só de edema”, diz a gerente de Atenção à Saúde do HC, Ana Caetano. 

Outro detalhe do quadro clínico de Carlinhos que tem recebido prioridade, no esquema terapêutico, é a presença de úlceras infectadas nas pernas. “A equipe de infectologia avaliou as feridas e prescreveu curativos com carvão, que são usados para diminuir secreção. Eles também têm função antibiótica”, explica Ana Caetano. 

Os médicos ainda não sabem se o edema nas pernas tem relação com um possível problema linfático ou vascular. “O certo é que agora ele vai eliminar peso”, frisa Álvaro, que dá certeza sobre essa perda com base na mudança feita na alimentação do paraibano nos últimos cinco dias. A ingesta calórica alta que ele tinha em casa passou a ser substituída por alimentos saudáveis, incluindo carnes, que possuem alto valor de proteína e não faziam parte do cardápio do rapaz. 

Para debelar a desnutrição proteica, os especialistas estimam que o tratamento deva durar não menos do que um mês. “É um paciente de 420 quilos, que precisa de uma boa quantidade de proteína para suprir a carência nutricional. É uma reposição feita a longo prazo”, justifica Álvaro. Ele acrescenta que o estado clínico de Carlinhos não é tão grave como se pensava. “Ele não tem anemia. Além disso, pressão arterial e glicose estão em níveis normais. Os exames de triglicerídeo e colesterol estão abaixo dos níveis de normalidade, uma condição esperada nos pacientes com desnutrição proteica.” 

A previsão é que, daqui a seis meses, Carlinhos apresente uma melhor condição clínica para que a equipe médica possa começar a pensar na indicação da cirurgia bariátrica. 

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