Saúde

Cremepe cria Câmara Temática de Microcefalia

Um grupo de especialistas une forças para investigar o aumento na incidência de bebês que nasceram com essa condição no Estado

Da editoria de Cidades
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Publicado em 27/10/2015 às 7:04
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Um grupo de especialistas une forças para investigar o aumento na incidência de bebês que nasceram com essa condição no Estado - FOTO: Diego Nigro/JC Imagem
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Um grupo de profissionais formado por médicos, pesquisadores, profissionais da Secretaria Estadual de Saúde (SES), do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde se reuniu ontem para oficializar a criação da Câmara Temática de Microcefalia do Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe). A aliança tem como objetivo traçar estratégias capazes de corroborar a força-tarefa criada para investigar o aumento da incidência de recém-nascidos com o tamanho da cabeça menor do que o normal. 

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De janeiro a setembro, o Sistema Nacional de Nascidos Vivos (Sinasc) revela que 20 bebês nasceram com essa alteração no crescimento do cérebro. A esse número, acrescentam-se outros 26 novos casos de microcefalia em crianças que nasceram nos últimos 15 dias apenas em maternidades públicas. “Esse número expressivo nos levou a instaurar a câmara temática, cujo objetivo é promover uma articulação com diversos setores para fortalecer a investigação e também captar recursos e fomento à analise dessa elevação no número de casos, que pode ter várias causas”, explica o médico Carlos Brito, coordenador da Câmara Temática de Microcefalia do Cremepe. 

Infecções congênitas (transmitidas pela mãe ao filho durante a gravidez, como toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus) podem explicar o aumento na incidência da microcefalia, embora especialistas acreditem que outro agente esteja por trás da atual situação no Estado. Entre novas hipóteses, está uma possível relação com a infecção pelos vírus da dengue, chicungunha e zika durante a gestação, especialmente no primeiro trimestre da gravidez, período crucial para o desenvolvimento do cérebro do bebê. Ainda não se pode, contudo, confirmar essa relação com as três doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. 

Os especialistas passaram a pensar na infecção pelos vírus da dengue, chicungunha e zika porque, desde o começo do ano, Pernambuco vive uma epidemia de dengue, que coincide com o período de gestação das mulheres que recentemente deram à luz um bebê com microcefalia. A literatura médica mostra relação entre manifestações neurológicas e as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, mas ainda é precoce pensar num elo entre recém-nascidos com microcefalia e a infecção pelo vírus propagado pelo mosquito durante a gestação.

O engenheiro de petróleo Thiago Fructuoso, 31 anos, conta que a esposa foi infectada na Bahia pelo vírus da zika entre o 3º e 4º mês de gestação. Recentemente, durante o pré-natal, o casal, que mora naquele Estado, foi informado de que a filha, que nascerá em novembro, tem microcefalia. “Procurei cinco médicos. Todos questionaram se minha esposa teve zika. Ela desenvolveu uma coceira e vermelhidão no corpo intensas. No 8º mês de gravidez, fomos comunicados sobre a microcefalia, que exige mais cuidados. Talvez seja um diagnóstico susceptível a erro. Vamos aguardar”, conclui Thiago. 

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