Saúde

Força-tarefa investiga microcefalia em Pernambuco

Aumento do número de recém-nascidos com essa condição levou especialistas a analisar causas dessa situação. Uma das hipóteses é a relação com a infecção com os vírus da dengue, chicungunha e zika

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 24/10/2015 às 7:44
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Aumento do número de recém-nascidos com essa condição levou especialistas a analisar causas dessa situação. Uma das hipóteses é a relação com a infecção com os vírus da dengue, chicungunha e zika - FOTO: Diego Nigro/JC Imagem
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O Estado de Pernambuco acaba de criar uma força-tarefa para investigar a causa do aumento do número de casos de microcefalia (condição em que o tamanho da cabeça é menor do que o normal para a idade) em recém-nascidos. Os registros do Sistema Nacional de Nascidos Vivos (Sinasc) demonstram que, de janeiro a setembro, 20 bebês nasceram com essa alteração no crescimento do cérebro – 70% só em agosto e setembro. No mesmo período de 2013 e 2014, foram registrados, respectivamente, 10 e 12 casos.

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O aumento pode ser explicado por diversos motivos, incluindo infecções congênitas – aquelas transmitidas pela mãe ao filho durante a gravidez, como toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus. Os especialistas também investigam uma possível relação entre esses casos recentes de microcefalia com quadros de infecção causados pelo vírus da dengue, chicungunha ou zika durante a gestação, especialmente no primeiro trimestre da gravidez, período crucial para o desenvolvimento do cérebro do bebê.

“É importante ressaltar que ainda não podemos fazer essa relação com dengue, chicungunha e zika. A questão é que, desde o começo do ano, vivemos uma epidemia de dengue, que coincide com o período de gestação das mulheres que recentemente deram à luz um bebê com microcefalia. Mas é muito cedo para chegarmos a qualquer conclusão porque estamos iniciando o trabalho”, explica a neurologista infantil Adélia Henriques Souza, que é membro do grupo de especialistas que se reúnem na segunda-feira (26) com o objetivo de discutir a criação de um protocolo para estabelecer critérios de investigação dos novos casos. Fazem parte dessa força-tarefa outros médicos neurologistas, infectologistas e clínicos. Participam ainda da reunião representantes da Secretaria Estadual de Saúde (SES) e do Ministério da Saúde. 

“Vamos fazer uma busca ativa para analisar se o aumento do número de recém-nascidos com microcefalia está ocorrendo também em outros Estados do Brasil”, acrescenta Adélia. Para ela e outros médicos que participam desse trabalho de análise, essa elevação é muito expressiva, especialmente se for levado em consideração o cenário extraoficial percebido nos últimos 15 dias – e que ainda não está nos registros do Sinasc. “Em duas semanas, observamos 26 novos casos de microcefalia em recém-nascidos. Esse dado inclui apenas os bebês das maternidades públicas. Aqueles que nasceram nas unidades privadas ainda serão incluídos na investigação”, diz o médico Carlos Brito, pesquisador colaborador do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco.

O médico reforça que ainda é muito precoce pensar num elo entre recém-nascidos com microcefalia e infecção pelo vírus da dengue ou zika na gestação. “A má formação do cérebro inclui um leque grande de causas, e vamos analisar todas as hipóteses na tentativa de descobrir o agente que pode estar causando esse aumento no número de casos”, informa Carlos Brito. A literatura médica, segundo ele, mostra relação entre algumas manifestações neurológicas e os vírus da dengue e zika. “Mas não podemos confirmar que isso justifica o cenário que temos observado em Pernambuco. Então, não há motivo para pânico.” 

A SES esclarece que já foi comunicada sobre a ocorrência desses novos casos de microcefalia em recém-nascidos em Pernambuco. Com o apoio das equipes das unidades de saúde públicas e privadas envolvidas, a secretaria consolida informações decorrentes de exames de imagem dos bebês, amostras de sangue das mães e dados gerais do pré-natal. 

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