Saúde

Nove hospitais em Pernambuco passam a atender casos de microcefalia

Cisam, Agamenon e Imip vão atender as gestantes. Imip também vai dar assistência aos bebês junto ao Barão de Lucena e Oswaldo Cruz. Outras quatro unidades estão no interior

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 25/11/2015 às 5:44
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Cisam, Agamenon e Imip vão atender as gestantes. Imip também vai dar assistência aos bebês junto ao Barão de Lucena e Oswaldo Cruz. Outras quatro unidades estão no interior - FOTO: Ricardo B. Labastier/JC Imagem
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Entre os especialistas que atuam nas áreas de pediatria, obstetrícia e medicina fetal, dificilmente há um que não conheça histórias recentes de bebês com microcefalia ou de mulheres grávidas que tenham recebido, durante um ultrassom, a informação de que o filho apresenta o tamanho da cabeça menor do que o normal para a idade gestacional. Essa percepção dos médicos é confirmada pelos números apresentados ontem pelo Ministério da Saúde. Já são 739 recém-nascidos que apresentam suspeita da malformação (casos quintuplicaram em 15 dias), que continua a avançar em Pernambuco, onde o número de bebês com microcefalia praticamente duplicou em uma só semana. Agora, com 487 casos notificados e 27 de outubro a 22 de novembro (desse total, 175 já foram confirmados), o Estado percebeu que está mais do que na hora de ampliar o atendimento aos recém-nascidos, gestantes e famílias.

Agora o Hospital Barão de Lucena passa a fazer parte da rede de referência para os bebês, a fim de reforçar o trabalho que vem sendo realizado pelo Hospital Universitário Oswaldo Cruz e pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira – este último passará também a atender as gestantes com ultrassom indicativo de microcefalia. Ainda para as grávidas, será oferecido apoio no Hospital Agamenon Magalhães e no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros. “O Estado passará a fazer notificação imediata dessas grávidas e também daquelas que, independentemente de ter ultrassonografia sugestiva de microcefalia, apresentarem manchas vermelhas na pele”, diz a secretária-executiva de Vigilância em Saúde de Pernambuco, Luciana Albuquerque. Ela acrescenta que o protocolo das gestantes, a ser lançado brevemente, prevê coleta de sangue dessas mulheres para diagnóstico laboratorial e ultrassom entre a 32ª e 35ª semana de gravidez. 

Além disso, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) indicou três unidades de referência no interior de Pernambuco para atendimento de grávidas e crianças com a malformação. No Agreste, o suporte fica com o Hospital Jesus Nazareno (grávidas) e o Hospital Mestre Vitalino (bebês), em Caruaru. Já no Sertão, entram como referências o Hospital Regional Professor Agamenon Magalhães, em Serra Talhada, e o Hospital Dom Malan, em Petrolina. Ambos receberão bebês e gestantes. “Também já estabelecemos que as grávidas com diagnóstico em ultrassom indicativo de microcefalia receberão acompanhamento psicológico pelo município”, acrescenta Luciana Albuquerque.

Ainda fica uma lacuna no que diz respeito à rede de reabilitação contínua que precisa ser oferecida a esses bebês. Por enquanto, o Estado só destinou a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) para cumprir essa função. “Sabemos que será necessário um reforço, mas a AACD tem, por enquanto, conseguido fazer o atendimento”, diz Luciana. Para os médicos, não restam dúvidas de que a microcefalia é uma condição que exige um trabalho conduzido por uma série de profissionais de saúde (fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, além de médicos) nos primeiros meses do bebê. “São crianças que precisam de uma estimulação precoce antes de apresentarem qualquer alteração, pois têm risco de ter problemas neurológicos ao longo do desenvolvimento”, explica a neuropediatra Vanessa Van Der Linden Mota, que tem acompanhado, desde agosto, o avanço da microcefalia no Estado. 

Ainda não é possível ter certeza sobre a causa da mudança no padrão de ocorrência da microcefalia, apesar de o Ministério da Saúde já ter afirmado que é altamente provável que exista a relação entre essa anomalia congênita e a zika. “Para mim, é inevitável fazer essa associação”, reforça o médico Carlos Brito, membro do Comitê Técnico do Ministério da Saúde e um dos responsáveis por comunicar o governo federal sobre o aumento de casos da malformação. Para ele, o caminho agora é trabalhar para combater o mosquito e, para isso, será preciso agir em várias frentes. “Entre elas, ampliar as estratégias de eliminação do Aedes aegypti, pois as ações existentes não têm se mostrado tão efetivas. E será preciso investir mais recursos para antecipar o desenvolvimento de vacinas para as arboviroses, incluindo a zika”, finaliza Carlos Brito. 

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