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Há quase dois meses, o Ambulatório de Infectologia Pediátrica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), no Recife, tem concentrado a maioria dos atendimentos para os bebês com microcefalia em Pernambuco. Com uma rotina de consultas intensa, que inclui agendamentos e demanda espontânea, a unidade de saúde atingiu um cenário de superlotação e já acumula cerca de 220 crianças com a malformação congênita acompanhadas desde que Pernambuco começou a vivenciar o avanço da anomalia. O número ultrapassa os casos suspeitos no Recife, que chega a 158 bebês em investigação. Diariamente, são realizados 15 atendimentos, mas há dias em que os médicos analisam até 20 crianças.
Chefe do Setor de Infectologia Pediátrica do Huoc, Ângela Rocha percebe limitações na descentralização da assistência, mesmo passados 15 dias da divulgação da segunda versão do protocolo, que preconiza a distribuição dos atendimentos entre 10 hospitais do Estado. A médica considera que o suporte aos bebês seria eficiente se as famílias do interior fossem direcionadas para unidades mais próximas da cidade onde residem. “Já atendi gente de Quipapá (Zona da Mata Sul), cidade que é mais próxima do polo de Caruaru (Agreste) do que do Huoc. Também recebemos crianças que deveriam ir ao polo de Petrolina (Sertão), mas que estão enfrentando horas de viagem para vir ao Recife. A Secretaria de Saúde precisa aproveitar esses polos e adequá-los para o atendimento”, diz Ângela Rocha.
A jovem Rafaela Lima, 17 anos, deixou o município de Inajá, no Sertão de Pernambuco, às 21h da última quarta-feira (16). Acompanhada do filho, Marcos, 4 meses, que nasceu com microcefalia, ela enfrentou oito horas de viagem até o Recife para que o bebê pudesse realizar seus primeiros exames no Huoc na manhã de ontem. Nascido na maternidade do Hospital Regional de Arcoverde, no Sertão, Marcos foi diagnosticado com microcefalia logo após o parto. A cabeça media apenas 28 centímetros. Rafaela foi encaminhada ao Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira (Imip), no Recife, para receber informações sobre a malformação e fazer os primeiros exames na criança. Depois de encaminhada ao Huoc, foram quatro meses até que ela conseguisse uma vaga para as primeiras consultas. “Não fazia ideia do que era microcefalia, não tive muitas informações. Ele não fez nem a tomografia ainda”, conta a jovem.
O caso de Marcos é semelhante ao do bebê Caio, também de 4 meses, apenas pelo diagnóstico de microcefalia. A mãe, Jessica Kelly, 17, deu à luz na Maternidade Professor Arnaldo Marques, no Ibura, Zona Sul do Recife. Lá, Caio permaneceu internado por 18 dias. Depois disso, o encaminhamento ao Huoc foi imediato, assim como a marcação dos exames. Entre os quatro bebês que estavam no hospital no início da manhã de ontem, Caio era o único que tinha feito a tomografia.
Para Ângela Rocha, a história de Rafaela e Marcos não é um caso isolado. “Temos três polos de atendimento no interior capacitados para atender as crianças sem que elas precisem se deslocar ao Recife. Eles estão equipados com tomógrafos e são perfeitamente capazes de realizar os primeiros exames de imagem. Mesmo assim, os bebês vêm para o Huoc, que está superlotado”, destaca a médica.
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