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A investigação dos três casos de bebês com microcefalia que vieram a óbito em Pernambuco e apresentavam microcefalia segundo critérios da Organização Mundial de Saúde (perímetro cefálico igual ou abaixo de 32 centímetros) contempla uma série de procedimentos para comprovar ou descartar se as mortes tiveram como causa a malformação congênita.
“É uma análise criteriosa e que inclui amostras de sangue e tecidos, a fim de identificar ou não a presença do vírus zika. O material colhido, que inclui fragmentos de vísceras dos natimortos, como cérebro, fígado, coração, pulmão, rim e baço, provavelmente deverá ser encaminhado para o Instituto Evandro Chagas, em Belém”, diz a infectologista pediátrica Regina Coeli Ramos, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc). As placentas também precisam ser encaminhadas para auxiliar no diagnóstico.
Esse procedimento laboratorial, segundo a médica, é essencial para atestar se os óbitos foram secundários a uma infecção congênita. “Nessa análise, muitos detalhes são pesquisados. Inclusive, é investigado todo o histórico do pré-natal da mulher. Até mesmo uma alteração cardíaca do bebê e um pico de hipertensão podem entrar como fatores capazes de favorecer a morte do bebê ainda na barriga”, ressalta Regina Coeli.
O Protocolo de Vigilância e Resposta à Ocorrência de Microcefalia Relacionada à Infecção pelo Vírus Zika, do Ministério da Saúde, considera como caso suspeito de óbito natimorto de qualquer idade gestacional, de mulheres grávidas com relato de doença exantemática (aquela que se manifesta principalmente por manchas vermelhas na pele) durante a gestação. O caso passa a ser confirmado se for apresentada microcefalia ou outras alterações do sistema nervoso central, desde que seja identificada a presença do vírus zika na mãe ou no tecido fetal.
Em Pernambuco, as três mortes dos bebês com microcefalia foram registradas na capital pernambucana (dois dos casos) e em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife. Dois bebês já nasceram mortos (os chamados natimortos) na sexta-feira (11) e na quarta-feira (15), com 38 e 40 semanas de gestação, respectivamente. Um deles veio a óbito no dia 11, logo após o nascimento, com 33 semanas de gestação (prematuro) e com diagnóstico de microcefalia intraútero. Apesar de três bebês apresentarem microcefalia, a anomalia congênita ainda não pode ser considerada a causa básica dos óbitos, que estão sendo investigados.
Ao longo do aumento de casos de microcefalia no País, foi confirmada uma morte no Ceará. Duas foram descartadas no Rio de Janeiro, e 26 mortes são investigadas.