SAÚDE

Pesquisadores investigam saúde mental de mulheres que tiveram filhos com microcefalia

Professores iniciarão estudo inédito, que deve durar um ano e meio

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 01/03/2016 às 6:04
Sérgio Bernardo/JC Imagem
Professores iniciarão estudo inédito, que deve durar um ano e meio - FOTO: Sérgio Bernardo/JC Imagem
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Um grupo liderado por professores da Universidade de Pernambuco (UPE) iniciará um estudo inédito, desenvolvido ao longo de um ano e meio, para investigar a prevalência de transtornos psiquiátricos, o vínculo e a qualidade de vida em mulheres cujos filhos nasceram com microcefalia associada à síndrome congênita por zika vírus. A meta é avaliar as mães de todas as crianças com diagnóstico confirmado da malformação e que estão em acompanhamento pelo Ambulatório de Infectologia Pediátrica do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), que já reúne 125 casos confirmados e 70 descartados (145 estão em investigação). Os resultados serão comparados com as avaliações de mães de crianças sem microcefalia associada à zika. 

“Já começamos a oferecer acolhimento, sem estar vinculado à pesquisa, a 40 mães. Enquanto elas esperam atendimento no ambulatório, são realizadas rodas de conversa. Observamos que muitas vivenciam estado de choque, que tende a ser superado à medida em que elas conversam entre si e trocam experiências”, diz a psiquiatra Kátia Petribú, professora da UPE, à frente do estudo, ao lado do psiquiatra Antônio Peregrino, professor da mesma instituição. 

Durante as rodas de conversa, também se constata que parte das mulheres relata ansiedade, dificuldade para dormir, sinais de estresse agudo e outros que podem sugerir depressão. “Acredito que boa parte dessas mães não precisará de atendimento psiquiátrico, pois o suporte em sala de espera pode ser efetivo para muitos casos de angústia, estresse e aflição que algumas têm apresentado, especialmente nos primeiros atendimentos”, informa Kátia Petribú.

A dona de casa Jaqueline Vieira, 25, é uma das mulheres que já participaram das rodas de conversa. “Quando trocamos experiências, ficamos mais otimistas porque percebemos que estamos num barco com muita gente”, conta Jaqueline, mãe de Daniel, 4 meses, que nasceu com microcefalia. 

Para a pesquisa, que deve ser iniciada assim que for aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UPE, será avaliada a saúde mental das mães cujos bebês estejam entre 4 e 20 semanas de vida. O segundo momento acontecerá quando a criança completar um ano; o terceiro, aos 18 meses. “Para analisar a possível ocorrência de transtornos mentais nessas mulheres, vamos usar instrumentos que verificam o desenvolvimento de ansiedade e depressão pós-parto”, diz Antônio Peregrino. O estudo, além de promover suporte em saúde mental às mães, traçará o perfil socioeconômico dessas mulheres.

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