SAÚDE

Hospital Oswaldo Cruz vai oferecer terapia para mães de bebês com microcefalia

Psicólogos do hospital começam a atender as mulheres a partir de 20 de janeiro. Se necessário, receberão acompanhamento psiquiátrico na mesma unidade

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 22/12/2015 às 7:34
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Psicólogos do hospital começam a atender as mulheres a partir de 20 de janeiro. Se necessário, receberão acompanhamento psiquiátrico na mesma unidade - FOTO: Bobby Fabisak/JC Imagem
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Com a chancela da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), um grupo de especialistas pernambucanos acaba de desenvolver um programa de atendimento em saúde mental para mães de bebês com microcefalia. A partir de 20 de janeiro, elas começam a participar de terapia em grupo comandada por psicólogos do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc) e, se necessário, passarão por atendimento psiquiátrico no hospital. A primeira etapa desse trabalho será oferecida às mães cujos bebês são atendidos pelo Ambulatório de Infectologia Pediátrica do Huoc. “Com o avançar do programa, esse atendimento será descentralizado e oferecido em outros serviços que também vivenciam a mudança no padrão de ocorrência da microcefalia”, diz a psiquiatra Kátia Petribú, professora da Universidade de Pernambuco.

Na próxima semana, os profissionais de saúde mental já irão ao ambulatório fazer o primeiro acolhimento. “Numa situação de crise como esta, observamos que as mães vivenciam um estado de choque, que proporciona o aumento na prevalência de transtornos pós-parto, como depressão, estresse pós-traumático, ansiedade e insônia. Algumas dessas mães atendidas no Huoc relatam até um distúrbio anterior ao nascimento do filho com microcefalia, como a dependência química. Por isso, decidimos agir logo”, ressalta Kátia Petribú.

Em reportagem publicada no JC no dia 5, o psiquiatra Amaury Cantilino, que também faz parte desse programa de suporte psicossocial para as mães, alertou para a urgência de se criar uma rede sistemática de apoio psicológico às mulheres, que ficam abaladas pela discrepância entre o filho idealizado e o real. “Quando as mulheres vivenciam isso logo após o nascimento do filho, num momento em que estão afetadas emocionalmente pelas alterações hormonais do pós-parto, é aceitável que tenham dificuldade para lidar com a situação de adversidade”, explica Amaury Cantilino, membro da Comissão de Pesquisas da Saúde da Mulher da ABP.

Para colocar em prática o programa de atendimento em saúde mental para mães de bebês com microcefalia, os especialistas precisam da ajuda de voluntários, que serão treinados pelo Grupo de Ajuda à Criança Carente com Câncer Pernambuco (GAC), com sede no Huoc. “Precisamos da ajuda da população. Para isso acontecer de forma padronizada, pensamos no GAC, que tem experiência em voluntariado. As pessoas podem ajudar especialmente no momento em que as mães estiveram nos grupos de apoio. Enquanto elas estão em terapia, os voluntários cuidam dos bebês”, diz Kátia Petribú.

O atendimento às mães será oferecido no mesmo dia em que elas levam as crianças para acompanhamento no ambulatório. Os maridos dessas mães, assim como as avós dos bebês, também podem participar da terapia em grupo. “Vamos incentivar as famílias a criarem grupos de autoajuda, a fim de dividir experiências e pressionar o governo a oferecer reabilitação e tratamento continuado aos bebês com microcefalia”, orienta Kátia Petribú. Contatos para quem quiser ser voluntário: 3184-1386 (Setor de Psicologia do Huoc) e [email protected].

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