Saúde

O olhar cuidadoso para o risco de transmissão da chicungunha durante o parto

Secretaria de Saúde do Recife prepara protocolo para acompanhar os casos e orientar em relação aos cuidados com os bebês

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 24/03/2016 às 12:10
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Secretaria de Saúde do Recife prepara protocolo para acompanhar os casos e orientar em relação aos cuidados com os bebês - FOTO: Foto: Divulgação
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No lançamento do protocolo da dor na chicungunha na quarta-feira (23), o secretário de Saúde do Recife, Jailson Correia, informou que estão sendo desenvolvidas diretrizes para o tratamento de crianças acometidas com a doença. “Estamos com um olhar particular para os recém-nascidos de mães que tiveram chicungunha próximo ao momento do parto, o que pode causar formas mais graves da doença nessa faixa etária”, alerta Jailson Correia, que é médico pediatra.

Ele se refere à possibilidade de mulheres, infectadas perto do dia do parto, transmitirem o vírus aos recém-nascidos. A taxa de transmissão, nesse período, pode chegar até 45% - desses, cerca de 90% podem evoluir para formas graves. O secretário reforça que evidências indicam que a cesariana não altera o risco da transmissão. “O maior problema é quando a mulher tem a chicungunha e o bebê nasce em até cinco dias após a manifestação dos primeiros sinais.” Nesses casos, a transmissão do vírus para o recém-nascido poderia levar a complicações neurológicas, como meningoencefalite.

Segundo a publicação Febre de chicungunha: manejo clínico, do Ministério da Saúde, quando há a transmissão do vírus durante o parto, o recém-nascido é assintomático nos primeiros dias, com surgimento de sintomas a partir do quarto dia, que incluem a presença de febre, recusa da mamada, manchas na pele, descamação, hiperpigmentação cutânea e edema de extremidades.

A médica Nara Cavalcanti, coordenadora da enfermaria de pediatria do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (Huoc), informa que tem chamado atenção casos esporádicos de bebês que nascem com suspeita de terem adquirido chicungunha no parto. “Não sabemos até que ponto isso poderia ser uma transmissão da mãe infectada para o filho ou um quadro de chicungunha adquirido após o parto. É preciso investigar”, diz Nara.

Vale frisar que é importante o acompanhamento diário das gestantes com suspeita de chicungunha e, caso sejam verificadas situações que indiquem risco de sofrimento fetal ou início da infecção próxima ao período do parto, é necessário o acompanhamento em leito de internação. Também é importante destacar que a infecção pelo vírus chicungunha, no período gestacional, não está relacionada a efeitos teratogênicos, e há raros relatos de abortamento espontâneo, segundo a publicação Febre de chicungunha: manejo clínico, do Ministério da Saúde.

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