Sáude

Zika tem ritmo de queda. Declínio pode ser de 78% em Pernambuco

No Brasil, Ministério da Saúde registra uma queda de 87% no número de casos suspeitos. Mas autoridades de saúde e médicos alertam que não é hora de deixar de lado as ações de combate aos criadouros do mosquito

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 17/06/2016 às 20:01
Alexandre Gondim/JC Imagem
No Brasil, Ministério da Saúde registra uma queda de 87% no número de casos suspeitos. Mas autoridades de saúde e médicos alertam que não é hora de deixar de lado as ações de combate aos criadouros do mosquito - FOTO: Alexandre Gondim/JC Imagem
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Após a explosão dos casos suspeitos de zika, o Brasil assiste a uma tendência de queda dos registros. Segundo o Ministério da Saúde, os índices dos casos da doença estão em declínio no País este ano: caíram 87% no comparativo entre fevereiro e maio. Em Pernambuco, de janeiro a maio, houve redução de 78% das notificações, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Para o órgão, os números são parciais e permanecem sujeitos à alteração (percentual ainda pode aumentar ou diminuir) pela dificuldade que municípios têm de compartilhar notificações em tempo real. “Os registros estão diminuindo, mas ainda acontecem. É muito cedo para avaliar o risco de transmissão de zika porque há pouco tempo de vivência com a doença. Pode ser que os casos estejam mesmo caindo em Pernambuco, mas outros fatores podem também justificar a queda, como a subnotificação e a digitação tardia dos casos no sistema pelos municípios”, explica a coordenadora do Programa de Controle de Arboviroses da SES, Claudenice Pontes.

Ao relatar como foi a expansão geográfica da doença em 2015, ela relembra que o cenário de disseminação de zika estava basicamente no Grande Recife e na Zona Mata Norte. “E atualmente, com base até o mês de maio, observamos que chicungunha se destaca no Grande Recife e no Agreste. Houve poucos relatos de zika”, acrescenta. No Estado, segundo os dados parciais da SES, a tendência também é de queda para dengue e chicungunha: chega a 95% e a 82%, respectivamente, entre janeiro e maio.

Na avaliação da infectologista Vera Magalhães, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a propensão de redução já era esperada, especialmente em relação à zika. “Quando uma doença se instala numa região onde há muitas pessoas susceptíveis, a tendência é que grande parte da população seja infectada num período de seis a doze meses. Depois, vem a estabilização porque quem se infectou vai apresentar anticorpos e desenvolve resistência ao vírus. Certamente foi isso o que aconteceu com zika”, diz Vera.

Ainda assim, a médica reforça que sempre haverá população susceptível à infecção pelo vírus. “Zika veio para ficar. Ele se instalou e certamente, enquanto Aedes aegypti existir, haverá infecção por zika. Mas existe um ciclo de maior ocorrência. Esse período deve estar esvaecendo. Isso já é o que se esperava pelos modelos que conhecemos de outros vírus”, completa Vera. Ela salienta que, embora a infecção pelo zika leve à formação de anticorpos, ainda não se sabe por quanto tempo uma pessoa que já infectou deve ficar imune ao vírus.

Mesmo com uma tendência de queda das notificações, autoridades de saúde e médicos alertam que não é hora de deixar de lado as ações de combate aos criadouros do mosquito e a adoção de medidas de proteção individual (como uso de repelentes) contra o adoecimento pelas arboviroses. “Entre outubro e novembro, acredito que os casos de zika devem voltar a aumentar. E talvez os casos de dengue também possam surpreender novamente. Já o número de pessoas susceptíveis à infecção por chicungunha deve ser menor nos próximos meses, já que este ano a alta foi de chicungunha, que tem grande taxa de ataque (potencialidade de fazer vítimas). Os vírus competem entre si”, observa o clínico geral Carlos Brito, membro do Comitê Técnico de Arboviroses do Ministério da Saúde.

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