Desde o início das notificações dos casos de microcefalia, em agosto de 2015, Pernambuco passou a reestruturar a rede de atenção e reabilitação para acompanhar as crianças com microcefalia e suas famílias. Foram organizadas 23 unidades destinadas a essa assistência e, segundo o Estado, a distância percorrida do domicílio para o local de atendimento passou de 420 quilômetros (em outubro de 2015) para uma média de 60 quilômetros. “Mas ainda há muito a melhorar. Há crianças que ainda precisam ser vistas, inclusive algumas do Recife. Em Caruaru (Agreste), o atendimento para dois bebês dura só 15 minutos e nem é sessão de fisioterapia; é mais uma orientação”, salienta a vice-presidente da União de Mães de Anjos (UMA), Gleyse Kelly Cavalcanti, mãe de Maria Giovanna, 9 meses, que nasceu com microcefalia.
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Ela ainda estima que 60% das famílias faltam receber o Benefício de Prestação Continuada (BPC) pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). “Outro detalhe é que há muita burocracia para receber medicamentos que os bebês precisam tomar para refluxo e convulsão. Muitas mães precisam comprar essas medicações pela demora no fornecimento pela Farmácia do Estado”, frisa Gleyse.
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Na quarta-feira (27), o governador Paulo Câmara recebeu representantes da UMA e ressaltou alterações na lei do BPC como uma das ações essenciais para as famílias dos bebês. No mesmo dia, Paulo solicitou ajustes, durante reunião com o ministro do Desenvolvimento Social e Agrário, Osmar Terra, no fornecimento dos medicamentos através do sistema público de saúde. A secretária-executiva de Atenção à Saúde da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Cristina Mota, garantiu que o Estado planeja dar um suporte psicossocial às mães. “Passamos a discutir se, nas unidades de referência, cabe um psicólogo no ambulatório da neuropediatria. Enquanto a mãe está na reabilitação, está sentindo todo o apoio, mas a realidade pode ser diferente quando chega em casa. Então, começamos a pensar nessa demanda”, frisa.