DIABETES

Pacientes com diabetes continuam sem insulina em Pernambuco

Apesar do protesto realizado em julho, a situação piorou; as prateleiras agora estão zeradas.

Editoria de Cidades
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Publicado em 23/08/2016 às 8:15
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Apesar do protesto realizado em julho, a situação piorou; as prateleiras agora estão zeradas. - FOTO: Foto: Divulgação
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Humilhada e impotente. Assim a professora Gabriela de Paula se sente quando chega ao balcão da Farmácia de Pernambuco, na Boa Vista, Centro do Recife. A resposta é sempre a mesma: o kit para controle da diabetes do filho de 9 anos, diagnosticado em dezembro do ano passado com o tipo 1 da doença, está em falta e sem previsão de chegada. Apesar do protesto realizado em julho, a situação piorou; as prateleiras do Estado agora estão zeradas.

Uma audiência na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) debateu o problema na manhã dessa segunda-feira. “Decidimos pela formação de um grupo de trabalho para realizar ações. Precisamos que os medicamentos cheguem na farmácia permanentemente”, declarou a orientadora da Associação Pernambucana do Diabético Jovem (APDJ), Cidamar Oliveira. Segundo ela, o governo não enviou nenhum representante para o encontro.

Em julho, o Estado se comprometeu a fornecer o medicamento. No dia 3 de agosto, a Secretaria Estadual de Saúde (SES), disponibilizou 5 mil doses da insulina de ação prolongada (que deve ser injetada uma vez ao dia) e prometeu outras 20 mil até o fim do mês, mas não cumpriu. 

Além do remédio, faltam insulinas de ação rápida (usadas antes das refeições ou quando há aumento de glicemia), agulhas e tiras-teste, que servem para verificar as taxas e, assim, saber a dose exata a ser aplicada.

Sem o kit, Gabriela recorre a empréstimos para custear os R$ 1,2 mil mensais do tratamento do filho. Bruno Soares conhece as consequências de ficar sem o medicamento. Os rins e a visão do jovem de 24 anos estão comprometidos por causa da doença. Ele não consegue arranjar emprego nem dar continuidade aos estudos porque precisa de hemodiálise três vezes na semana. 

Para a médica Jaqueline Araújo, endocrinologista do Hospital das Clínicas (HC), o Estado desembolsa mais dinheiro tratando as sequelas causadas pela enfermidade do que se investisse em medicamentos. “Em 2012, foram R$ 90 milhões gastos por causa das complicações. Os medicamentos custariam um quarto desse valor.” 

A SES garantiu que uma representante esteve na audiência e que nova entrega de insulina deve chegar até o fim da semana. O órgão informou ainda que as empresas fornecedoras de agulhas já foram notificadas para envio imediato. As tiras devem chegar até o início de setembro.

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