OUTUBRO ROSA

Reconstrução mamária ainda é pouco procurada no Recife

Nos hospitais da capital, não há filas para a realização do procedimento, que é oferecido gratuitamente pelo SUS

AMANDA RAINHERI
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AMANDA RAINHERI
Publicado em 07/10/2016 às 7:30
Foto: Guga Matos/ JC Imagem
Nos hospitais da capital, não há filas para a realização do procedimento, que é oferecido gratuitamente pelo SUS - FOTO: Foto: Guga Matos/ JC Imagem
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Quando, em 2001, a voluntária Janine Guerra, 46 anos, recebeu o diagnóstico de um câncer de mama, seu mundo desabou. Em fevereiro daquele ano ela passou por uma mastectomia (cirurgia para retirada da mama) e viveu dois dos anos mais difíceis de sua vida devido à ausência de um dos seios. Para a maioria das mulheres, a retirada da mama é uma experiência bastante traumática, que afeta negativamente o tratamento da doença. Por isso, desde 2013, uma lei federal prevê que o procedimento seja realizado de maneira gratuita através do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, a demanda nos hospitais recifenses ainda é muito pequena. 

Para o chefe de Cirurgia Plástica do Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Rafael Anlicoara, falta orientação dos mastologistas. “Na clínica privada, a maioria das mulheres realiza a reparação. O que a sociedade não sabe é que o serviço também é oferecido gratuitamente pelo SUS.” O médico explica ainda que, dependendo da gravidade da doença, o implante pode ser colocado no mesmo procedimento cirúrgico da retirada da mama.

No entanto, casos mais graves, como o de Janine, exigem que a paciente passe por outros procedimentos antes de partir para a reconstrução. A prótese só pode ser colocada seis meses após a conclusão do tratamento. “No meu caso, tive que fazer quimio e radioterapia antes da cirurgia, que também atrasou devido a uma complicação”, conta a voluntária, que trabalha há 11 anos no Hospital de Câncer de Pernambuco (HCP), ajudando outros pacientes. 

A experiência de Janine é grande. Cinco anos após o diagnóstico, ela descobriu um câncer no outro seio. Hoje, com implante nas duas mamas, ela conta que voltou a se sentir mulher. “Antes, faltava algo.” 

A dona de casa Josileide Miranda, 54 anos, viveu na pele o drama de perder um dos seios para a doença, em 2011. “Foi horrível, perdi meu parceiro e enfrentei muito preconceito.” A autoestima só melhorou com o implante de silicone. “Hoje eu posso ir à praia e arranjei um namorado, que me dá todo o apoio. Me sinto segura em tudo. Até o relacionamento com minha filha melhorou.”

Segundo o chefe do Serviço de Mastologia e Reconstrução Mamária do Hospital Barão de Lucena (HBL), Darley Ferreira, a mastectomia só é realizada em casos avançados da doença. No lugar da mama, podem ser implantadas próteses de silicone, expansores, retalhos de pele e de músculos de outros lugares do corpo. Segundo Ferreira, a recuperação varia de paciente para paciente, mas geralmente é rápida, em torno de 15 dias. Depois, a paciente é encaminhada para fisioterapia. 

Coordenadora do setor de fisioterapia do Hospital de Câncer, Luciana Mergulhão destaca a importância das sessões. “Elas melhoram a circulação e ajudam a acomodar a prótese na musculatura da paciente.”

MUTIRÃO

Para divulgar o procedimento de reconstrução, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) promoverá, entre os dias 24 e 29 de outubro, o Mutirão Nacional de Reconstrução Mamária. Durante uma semana, o setor de cirurgia plástica do HC só realizará procedimentos desse tipo. A expectativa é operar pelo menos dez mulheres.

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